DESINTERESSE E IRRITAÇÃO
Houve
tempo em que as eleições não eram informatizadas e tínhamos de votar colocando
no envelope um papelzinho com o nome do candidato.
Era grande o número de
eleitores que rabiscavam ofensas
e até palavrões em vez do nome do candidato
Por
Carlos Chagas
Em “Diário
do Poder”
Vem
se aproximando perigosamente do dia da eleição dois fatores que as pesquisas
eleitorais não consideram, pelo contrário, fogem deles como o diabo da cruz: o
desinteresse e a irritação. Os candidatos, os partidos políticos, a justiça
eleitoral e até a mídia omitem e abominam esses dois sentimentos que
acompanharão boa parte do eleitorado e demonstrarão a pouca importância que o
cidadão comum vem dando ao processo político.
Vamos
aguardar os resultados, mas há quem preveja boa parte do eleitorado deixando de
comparecer às urnas, por desinteresse amplo, geral e irrestrito.
Outros
que não comparecem ou que votam por obrigação estarão com raiva de tudo o que
os candidatos representam. A irritação diante daqueles que mentiram a mais não
poder durante as campanhas torna-se evidente em qualquer conversa. “Votar
nesses bandidos que nos exploram, para quê?”
Os
acontecimentos recentes, do mensalão ao petrolão, da Operação Lava Jato ao juiz
Sérgio Moro, deixaram o eleitor com raiva da política e dos políticos. “Para
que votar se eles vão roubar?”
Essas
previsões dependem de comprovação, porque milagres às vezes acontecem. Pode ser
que a maioria do eleitorado decida cumprir o seu dever, assim como existirá,
entre os candidatos a prefeito e a vereador, um grupo de gente honesta e capaz
de trabalhar pelo povo. Mas é bom não apostar, porque o desinteresse e a
irritação batem à porta, faltam só 48 horas.
Houve
tempo em que as eleições não eram informatizadas e tínhamos de votar colocando
no envelope um papelzinho com o nome do candidato. Era grande o número de
eleitores que rabiscavam ofensas e até palavrões em vez do nome do candidato,
ou até preferencialmente deixando os dois. A justiça eleitoral proibiu a
divulgação daquelas opiniões, e agora ficou impossível exprimir nossa irritação
num teclado de computador. Mas a raiva permanece a mesma.
Em
suma, vale aguardar a noite de domingo, quando já se conhecerão os prefeitos
recém-eleitos. O desinteresse poderá ser expresso pela ausência, a abstenção e
o voto em branco. A irritação, porém, seguirá com o eleitor.
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