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FORA
DO MUNDO REAL
Por Ricardo
Noblat
Em 27/09/2016
- 04h37
Há
10 dias, procuradores da Lava-Jato acusaram Lula de ter recebido propinas da
construtora OAS no valor de R$ 3,7
milhões.
Parte
do dinheiro foi gasta na reforma de um triplex na praia do Guarujá, em São
Paulo.
A
outra parte no armazenamento de pertences de Lula destinados ao triplex e ao
sítio de Atibaia, também em São Paulo.
Como
o PT reagiu à denúncia, depois aceita pelo juiz Sérgio Moro, que alçou Lula à
condição de réu por corrupção e lavagem de dinheiro?
O
PT preferiu atacar um gráfico exibido pelos procuradores onde o nome de Lula
aparecia no centro ligado a fatos e personagens do maior escândalo de corrupção
da história do país.
E
para rebater a menção a Lula como “o comandante máximo” de uma organização
criminosa, repetiu como se fosse dos procuradores uma frase que eles jamais
disseram: que não tinham provas, mas convicção.
Há
cinco dias, por ordem do juiz Moro, o ex-ministro da Fazenda dos governos Lula
e Dilma, o economista Guido Mantega, foi preso sob a acusação de ter
intermediado dinheiro suspeito para o PT.
Como
o partido reagiu? Atacou a Polícia Federal por ter prendido Mantega dentro do
centro cirúrgico de um hospital de São Paulo, onde a mulher dele, vítima de um
câncer, estava sendo operada.
A
mulher não estava sendo operada. Iria submeter-se a uma endoscopia. Mantega não
foi preso dentro do centro cirúrgico, nem mesmo dentro do hospital, mas fora
dele. E liberado cinco horas depois.
Ontem,
Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda do governo Lula, ex-chefe da Casa Civil
do governo Dilma, foi preso e levado para Curitiba. É acusado de suceder
Mantega na arrecadação de propinas para o PT.
Como
o partido reagiu? Nada disse sobre a acusação. Preferiu bater no Ministro da
Justiça Alexandre Moraes que na última sexta-feira, no interior de São Paulo,
vazou a informação de que haveria nesta semana mais uma operação da Lava-Jato.
Desde
que chegou ao poder com a eleição de Lula em 2002, o PT foi incapaz de admitir
seus erros, de penitenciar-se por eles, muito menos de aprender alguma coisa
com eles.
O
mensalão quase custou o primeiro mandato de Lula. E o que ele e o PT fizeram em
seguida? Trocaram o pagamento de propinas a deputados pelo loteamento de cargos
na Petrobras e no governo.
Foi
mais do mesmo: a corrupção amadora deu lugar à corrupção aparentemente sofisticada.
A primeira não resistiu à delação de um deputado. A segunda está sendo dizimada
por Moro e seus procuradores.
Ou
por Moro e “esses meninos”, como Lula insiste em chamá-los.
RICARDO NOBLAT É JORNALISTA |
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