sexta-feira, 23 de setembro de 2016

QUASE HISTÓRIAS (LXXXIV)

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LUZ E SOMBRA



-- Cara: fui muito mal?

Um brevíssimo silêncio se fez.  

-- Seja sincero, por favor, me fale a verdade. Pra mim, é muito importante. Comecei o trabalho ontem, não deu nem tempo de esquentar a cadeira e me vejo ao lado do deputado e da cúpula do partido tendo que dar opinião sobre isso e aquilo. Quase surtei. Não gosto de falar em reuniões, prefiro escrever. Sou tímido, falo muito em boteco, depois da terceira. Entende?

-- Você foi bem. Bem demais, Osvaldo.

-- Jura?

-- Por que mentiria para você?

-- Que bom! Fico contente.

-- Não deveria.

-- Como assim?

-- Luz projeta sombra. Dois assessores do deputado, Osvaldo, já querem vê-lo pelas costas. 


PAPAI, MAMÃE

-- Estou péssimo, doutor, péssimo mesmo. Não suporto mais essas dores nas costas. Maldita coluna. Dói demais.

-- Dói o tempo todo?

-- Piora muito quando fazemos sexo, e ela vem por cima. Madalena é um pouco forte, gorducha mesmo, mas tem mania de inventar posições...

-- Então, faça apenas o básico. O senhor já passou da idade de fazer malabarismos. Quer impressionar quem?

-- E se continuar doendo?

-- Opte pela abstinência.

(ORLANDO SILVEIRA - 23/09/2015)

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