terça-feira, 20 de setembro de 2016

QUASE HISTÓRIAS

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A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (V)

-- Esse negócio de catar latinha pra vender já foi bom. Não é mais. Antes pagavam bem pelo quilo. Hoje, pagam uma miséria. E a concorrência é muito grande. Até dono de bar junta lata pra fazer uns trocos. Cheguei a ganhar um bom dinheiro. Ainda mais que colocava areia, pra aumentar o peso.

-- Você também punha areia nas latas?

-- Era o que mais fazia. Um dia o cara do ferro velho descobriu, bateu um fio para os amigos sucateiros. Nunca mais vendi pra ninguém da região. É uma máfia.


A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (VI)

O sujeito raramente andava de condução. Entrou no coletivo. Viu o preço da passagem na tabuleta: R$ 3,00. Sacou duas notas de R$ 2,00. Recebeu uma moeda de R$ 1,00 de troco. Tudo certo, não é? Qual o quê! O cobrador o impediu que ultrapassasse a roleta, lhe indicou um banco vazio na parte dianteira do ônibus. E quase ordenou: “Saia pela porta da frente”. 

-- Mas, como? Paguei a passagem, tem banco livre lá atrás. Vou descer no ponto final. O fiscal vai me pegar. Que porra é essa?

-- Fica frio, tio. O fiscal é nosso. R$ 1,00 é dele; R$ 1,00 é meu; R$ 1,00 é do motorista. O Natal está aí. Vai estragar?


(PUBLICADO EM 03/06/2015)

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