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A
NOVA ETAPA DA GUERRA
Por Carlos
Brickmann
Depois
da prisão de Palocci, o grande articulador da aliança entre o PT e parte do
grande empresariado, alguns dias de folga: não pode haver prisões, exceto em
flagrante, até dois dias depois das eleições. Mas este colunista, mesmo não
sendo nenhum Alexandre de Moraes, pode garantir que, passado o prazo de calma
imposto pela lei eleitoral, a Lava Jato volta às atividades externas. Até lá,
dedica-se às atividades internas – como a leitura e análise do rico material
apreendido na Odebrecht. É muita coisa.
Por
exemplo, foi determinado o bloqueio de R$ 10 milhões na conta de Guido Mantega,
mas só foram encontrados R$ 4 mil. Ou os R$ 10 milhões nunca existiram – e a
fonte da informação passa a ser suspeita – ou existiam e foram distribuídos. No
caso, para quem?
Um
detalhe: ainda não houve a delação premiada de Marcelo Odebrecht e de alguns de
seus executivos. Por enquanto, o que se analisa é o material apreendido – que
entre outras coisas indica a transferência de R$ 128 milhões da Odebrecht para
Palocci. A apreensão de papéis de Palocci e Mantega pode trazer novos subsídios
à investigação, talvez com novas ordens de prisão. Outro detalhe: o pedido de
prisão de Palocci não partiu dos procuradores, mas da Polícia Federal – que não
se limita portanto, a cumprir ordens, mas age ativamente na investigação. Se
alguém quiser controlar a Lava Jato, terá de convencer o juiz, os procuradores
e a Federal.
Curiosidade
Os
três homens-chave da campanha de Dilma eram chamados por ela, nos seus raros
momentos de bom-humor, de Três Porquinhos: José Eduardo Dutra, Antônio Palocci
e José Eduardo Martins Cardozo. Dos Três Porquinhos, um, Dutra, morreu há um
ano; outro, Palocci, está preso. Como no clássico livro de mistério O Caso dos
Dez Negrinhos, de Agatha Christie, dos Três Porquinhos só restou um.
Mais nomes, mais casos…
Nos
papéis de Odebrecht, aparece mais um nome importante: Aldemir “Dida” Bendine,
que foi presidente do Banco do Brasil e da Petrobras. Odebrecht quer saber se
um assessor tinha conseguido marcar uma reunião com “o Italiano” – pode ser
Mantega, pode ser Palocci, O assessor não tinha conseguido, mas promete
conversar com “Dida do BB” sobre o caso.
…mais casos, mais nomes
Do
ótimo Lauro Jardim, em O Globo: as informações da Odebrecht já somam 4,5 metros
de altura.
CARLOS BRICKMANN É JORNALISTA |
O grande nome
O
Tribunal de Contas da União pediu o bloqueio dos bens de Dilma, de Palocci e de
outros ex-integrantes do Conselho de Administração da Petrobras, pelos
prejuízos na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, EUA – aquela que
funcionários da empresa apelidaram de Ruivinha, por estar enferrujada. As
perdas que podem ser atribuídas, ao menos em parte, a Dilma e demais conselheiros,
atingem, segundo o relatório do TCU, US$ 266 milhões. Pasadena foi comprada
pela empresa belga Astra Oil em 2005, por US$ 42 milhões. Em 2006, a Petrobras
comprou metade da empresa por US$ 359 milhões, com voto favorável de Dilma. Em
2012, a Petrobras comprou a outra metade, pagando à Astra Oil US$ 820 milhões.
Filme queimado
Esses
e outros casos influíram na queda de prestígio político e eleitoral do PT. A
presidente foi impichada, e da tal “resistência ao golpe” restaram
manifestações de rua, a cada dia menores e mais violentas, o grito folclórico
“Fora Temer” e dificuldades para os candidatos que ficaram com Dilma até o fim.
Jandira Feghali do PCdoB, estava mal no Rio, com 8% nas pesquisas. Pediu
socorro aos padrinhos, e tanto Lula quanto Dilma entraram em seus anúncios e no
programa gratuito. Jandira caiu para 6%. E o PT tem a perspectiva de eleger
apenas um prefeito de capital, no Acre.
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