BORDEL EM PÂNICO
(Por Ruy Fabiano) O
ainda senador petista e ex-líder do governo, Delcídio do Amaral, escancarou a
porta do bordel. Sua delação parcial expôs a orgia governamental, deixando
claro que não há inocentes a bordo.
As
suspeitas que pesavam sobre Lula e Dilma já não são meras suspeitas. Ganharam
materialidade na voz de alguém que privou da intimidade e da confiança de
ambos, cumprindo missões que agora revela. A rigor, quem acompanha de perto as
investigações – na imprensa, na polícia, no Congresso – não teve qualquer
surpresa.
Nenhum
dos fatos arrolados era desconhecido. Muitos já haviam sido noticiados, com
base em fontes que se mantinham anônimas. O impacto e a novidade ficam por
conta de agora terem um informante que, longe de ser mero observador
privilegiado, era um agente, cujo depoimento equivale a uma confissão, o que,
no direito, é também chamada de rainha das provas.
Seu
papel, nesse processo, é semelhante ao de Roberto Jefferson no Mensalão. Com
agravantes: era o líder do governo, a voz da presidente no Senado. Jefferson
era personagem periférico no Mensalão, presidente de um partido da base, o PTB,
que se queixava exatamente do tratamento secundário que recebia.
Delcídio,
não. Era, no Congresso, o próprio governo e também o elo entre Dilma e Lula,
com os quais mantinha contatos quase diários. Ao abordar o filho de Nestor
Cerveró, propor-lhe um plano de fuga e oferecer mesada – empreitada que o levou
à cadeia -, Delcídio disse que cumpria missão a mando de Lula. Terá
oportunidade de demonstrá-lo com mais dados.
"Não se trata de ideologia:
crime não é de direita ou de esquerda – é crime.
E o partido que o promove e oculta merece
o título de organização criminosa,
máfia em estado pleno"
O
argumento do governo, expresso pelo ex-ministro da Justiça e novo advogado
geral da União, José Eduardo Cardoso, de que Delcídio não tem credibilidade e
está apenas querendo se vingar, é frágil. Pior: burro. Primeiro: se não tem
credibilidade, por que era líder do governo? Segundo: numa delação premiada –
que, se falsa, aumenta a pena do réu -, não há espaço para leviandades.
Colocar
em dúvida a existência da delação de Delcídio dispensa comentários. Todos sabem
que existe, carecendo apenas de homologação pelo STF – que, agora, diante do
que já provocou, dificilmente a rejeitará. Se o fizer, aprofundará o seu
descrédito.
As
revelações, seguidas pela condução coercitiva de Lula a um depoimento que se
empenhava em evitar, sugerem que as manifestações do próximo dia 13 devem
superar as anteriores.
A
militância do PT – ruidosa, agressiva, insensata – é numericamente
inexpressiva. Não reflete nem de longe a sociedade brasileira. Consegue se
fazer presente com agilidade, a qualquer dia ou hora, nos locais estratégicos,
porque vive disso. Não trabalha em outra coisa. São profissionais do protesto.
Mas
as pesquisas demonstram reiteradamente que a imensa maioria da população – na
escala dos 90% - exige que as investigações se aprofundem e justiça seja feita
com rigor, seja lá quem esteja em pauta: Lula, Dilma ou o mais obscuro lobista.
| Ruy Fabiano é jornalista e escritor
(Publicado no Blog do Noblat em 05/03/2016)
|
O PT alega que a Lava Jato estaria agindo politicamente. O que se dá é o contrário: os políticos do governo é que estão, há anos, agindo criminosamente, a ponto de transformar a análise política em criptografia policial. Não se trata de ideologia: crime não é de direita ou de esquerda – é crime. E o partido que o promove e oculta merece o título de organização criminosa, máfia em estado pleno.
Prova
disso é que, até aqui, o empenho do governo e de seu partido – Lula à frente –
não foi o de se defender, mas o de evitar a Justiça, obstruindo-a e cancelando
depoimentos, recorrendo aos mais diversos e sórdidos ardis processuais. Quem
deve, teme.
O
argumento do líder do PT, José Guimarães, de que Lula jamais se recusou a depor
- e que, portanto, a coerção não era necessária -, é falso. Na festa dos 36
anos do PT, Lula disse que não iria depor de maneira nenhuma. E acusou a
Polícia Federal, a Justiça e a imprensa, dando palavras de ordem à militância.
Tão
espantoso quanto tudo isso é a reação frouxa, intimidada (quase solidária) da
oposição, sobretudo do PSDB.
A
sociedade está mobilizada, há uma manifestação nacional prevista para daqui a
uma semana, revelam-se denúncias gravíssimas de um ex-líder do governo – que,
em circunstâncias normais imporiam a deposição da presidente - e a oposição age
como quem tem dúvidas. Em vez de ir às ruas, fecha-se, intimidada, em
gabinetes. O PT mobiliza seus diretórios e organizações que sustenta (CUT, MST,
MTST, UNE etc.) com dinheiro público para que ocupem as ruas e promovam
badernas. E a oposição faz o quê? Aguarda.
O
líder tucano Cássio Cunha Lima diz que “não vai sapatear sobre o governo”, mesmo
sabendo que o governo, rodeado de indícios consistentes de que praticou crimes,
não tem feito outra coisa sobre a sociedade. Com isso, apenas dá substância às
insinuações do PT, de que tem também o que ocultar. Terá?
O
bordel está em pânico. A festa, ao que parece, acabou.
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