terça-feira, 8 de março de 2016

O CANTO DE VÓLIA



MULHERES
Vólia Loureiro

Os homens sobre elas falam,
Enfeitam-nas com adjetivos,
São anjos, princesas, fadas,
São ciganas, feiticeiras, lobas
São santas, puras, são loucas.

Poetas sobre elas versejam,
São musas, que lhes inspiram o verso,
Na rima perfeita do poema nobre,
Ou no simples arremedo do verso pobre.
Lá estão elas sempre vivas.

Ah! Como são desejadas,
Cantadas em canções ardentes,
Em noites de serenatas,
Em belos tangos calientes,
Ou em tristes fados choradas.

Mas quem sabe da mulher?
Das suas dores e desejos...
Quem conhece a mulher?
Sabe dos seus sonhos e medos?
Quem dera ao homem conhecê-las...

Somos fadas, somos anjos,
Somos santas, feiticeiras,
Somos amantes fugazes,
Ou amamos a vida inteira.

Cantamos a vida,
Choramos as dores,
Parimos, amamos,
Sonhamos, lutamos,
Por que nos estranham os homens?

Se de nosso ventre surgem,
Se de nosso sangue vivem,
Se do nosso leite bebem,
Se do nosso amor carecem?
Por que nos estranham os homens?

Perguntam-se o que somos.
Temem-nos, enfeitiçados.
Posam de fortes,
Mas, no fundo, são seres amedrontados.
Não nos resistem, os coitados.

Quisera apenas nos vissem,
O que realmente somos,
Somos,o que somos, mulheres,
Amantes, fortes, frágeis,
Mestras, aprendizes,
Somos seres que amamos.

08/03/2016



 

Vólia Loureiro do Amaral Lima é paraibana,
 engenheira civil, poetisa, romancista e artista plástica. 
Autora das obras Aos Que Ainda Sonham (Poesia) 
e Onde As Paralelas Se Encontram (Romance). 

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