A HORA É AGORA (*)
SPONHOLZ – JBF
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Dilma
aprofunda desastre econômico.
Perdeu a capacidade de governar.
Quanto mais cedo
sair, melhor para o Brasil
Vivemos
uma quadra histórica decisiva. Retirar Dilma Rousseff do Palácio do Planalto é
um imperativo de sobrevivência para o nosso país. E esta é a hora. Afastar
Eduardo Cunha da presidência da Câmara é o primeiro passo para viabilizar o
impeachment. Sua permanência é um elemento que enfraquece a legitimidade de
todo o processo. É absurdo um réu no Supremo Tribunal Federal conduzir uma ação
de moralização da coisa pública. Sem esquecer que ele desmoraliza também a ação
que corre no Tribunal Superior Eleitoral, que pode anular o pleito de 2014 e
convocar novas eleições em 90 dias. Quem assume, neste caso, a Presidência da
República? Eduardo Cunha. Diria Bussunda: “Fala sério!”
Depois
de hibernar por um decênio, a oposição acordou. Criou um comitê pró-impeachment
suprapartidário com participação da sociedade civil. Mobilizou seus
parlamentares e as estruturas partidárias. Assumiu o compromisso de ir —
finalmente! — às ruas. E serão as manifestações populares que vão dar a
temperatura para a luta parlamentar. A ponte entre o Parlamento e as ruas é
essencial para o sucesso do impeachment:, é a conexão da cidadania com seus
representantes. Daí a importância de cada brasileiro acompanhar como votará o
seu deputado no momento da autorização da abertura do processo do impeachment.
"O governo não governa. Está paralisado — assim como o país.
Dilma Rousseff não tem mais qualquer capacidade permanente
de interlocução com o Congresso e nem com os setores empresariais"
Já o
empresariado continua em silêncio. Registre-se a honrosa exceção da Fiesp, que,
em dezembro do ano passado, se manifestou em defesa do impeachment. As outras
federações estaduais ficaram caladas. A CNI fez cara de paisagem. As entidades
vinculadas ao agronegócio, os banqueiros e representantes do setor terciário da
economia, até agora, se omitiram. Isto em plena recessão de -4% em 2015 e,
provavelmente, também em 2016, podendo se aproximar de -5%. Em meio à
depressão, os dirigentes empresariais optaram por coonestar, através do
silêncio, a “macrodelinquência governamental,” tão bem definida pelo ministro
Celso de Mello. Estão descolados de suas bases, pois os reclamos são diários.
Agem como os velhos pelegos, usufruem das benesses dos sindicatos e das
associações — aguardam a solução da crise de braços cruzados e de costas para
seus representados.
O
brilhante trabalho da 13ª Vara Federal do Paraná não pode ser o principal — e
quase único — instrumento de moralização da coisa pública. A Justiça está
fazendo o seu papel. Agora cabe aos políticos tomarem a liderança do processo,
rompendo com a inércia e não ficar esperando — oportunisticamente — o desgaste
do governo, pois, assim como o hábito não faz o monge, a crise, por si só, não
levará a queda do petismo.
O
governo não governa. Está paralisado — assim como o país. Dilma Rousseff não
tem mais qualquer capacidade permanente de interlocução com o Congresso e nem
com os setores empresariais. Com a sociedade em geral, nem se fala. É um zumbi.
O isolamento é tão patente que inclui o seu próprio partido, o PT. Seus
principais ministros — como o da Fazenda ou da Casa Civil — desapareceram do
noticiário.
http://www.marcovilla.com.br/ |
A
presidente se sustenta no vazio e aprofunda o desastre econômico. Perdeu a
capacidade de governar. Quanto mais cedo sair, melhor para o Brasil. Não há
mais qualquer possibilidade de que possa politicamente se recuperar. A agonia
do PT não pode ser a agonia do Brasil.
Desde
já é fundamental construir as condições de governabilidade, dar previsibilidade
ao Brasil pós-PT. Esta é uma tarefa muito importante. Apesar de ser tão
evidente, cabe demonstrar, especialmente aos agentes econômicos, que a
manutenção de Dilma Rousseff à frente da Presidência da República significa a
permanência do caos econômico-financeiro e, mais ainda, sem perspectiva, a
médio prazo, de saída para a crise que vivemos, a mais grave da história
republicana.
A
busca de um consenso, abrindo condições para um curto mandato presidencial,
aproxima-se do cenário de 1992, quando da crise que levou à renúncia de
Fernando Collor. Porém, hoje, a conjuntura é mais complexa. Michel Temer não é
Itamar Franco — inclusive, Temer, pode ser cassado pelo TSE. Projeto pessoais —
mais que partidários — obstaculizam a construção de um governo de transição. A
necessidade de que o novo governo adote medidas econômicas urgentes — e, nem
sempre populares — é mais um complicador. O receio — exagerado — de que o PT na
oposição saia fortalecido não passa de uma falácia. Hoje, o problema central do
PT é com a Justiça e não com a política — e só não teve cancelado o seu
registro partidário, como dispõe a lei 9.096/95, artigo 28, inciso III, porque
o TSE é leniente com o crime eleitoral.
A
solução política da crise não pode — novamente — frustrar os brasileiros. É
essencial que as instituições efetivamente funcionem. E para isso a punição dos
responsáveis pelo petrolão é fundamental — mesmo que, entre eles, possa ter um
ex-presidente da República. Não é mais possível aceitar uma conciliação que
ignore os valores republicanos, que rasgue a Constituição.
O
processo iniciado com a redemocratização, em 1985, está incompleto. São
absolutamente incompatíveis democracia e petrolão. O estado democrático de
direito não pode ser o apanágio dos corruptos, como nos últimos 30 anos.
Identificar as mazelas brasileiras é somente um momento neste movimento. Cabe
construir as condições para que a administração da coisa pública saia do
noticiário policial e volte às páginas de política. O primeiro passo é retirar
Dilma Rousseff e o projeto criminoso do poder. E quanto mais rápido, melhor. Só
há um grande interessado em postergar a solução da crise: é o PT.
Marco
Antonio Villa é historiador
(*) Artigo publicado em "O GLOBO" em 02/03/2016
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