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TEMER
DISCUTE A REDUÇÃO
DO NÚMERO DE PARTIDOS
DO NÚMERO DE PARTIDOS
(Por Josias de Souza) Michel Temer cavou um
espaço na sua agenda para discutir a redução do número de partidos políticos no
Brasil. Receberá às 17h desta quinta-feira (28) o senador tucano Ricardo
Ferraço (ES). Ele apresentou, em coautoria com o colega Aécio Neves (MG), presidente
do PSDB, proposta de emenda constitucional que cria barreiras para o acesso dos
partidos às verbas públicas do Fundo Partidário e à vitrine eletrônica da
propaganda no rádio e na tevê. O texto condiciona a obtenção desses benefícios
ao desempenho das legendas nas urnas.
Para ter representação
no Congresso, um partido precisaria obter pelo menos 2% dos votos válidos nas
eleições de 2018. Exige-se que a votação esteja distribuída em pelo menos 14
Estados. A exigência sobe para 3% dos votos válidos a partir das eleições de 2022.
Abaixo desses patamares, a legenda ficaria de fora do Congresso. Sem
funcionamento parlamentar, seria excluída também do rateio das verbas do Fundo
Partidário e do tempo de rádio e tevê.
Hoje, há no Brasil 35 partidos com autorização do
Tribunal Superior Eleitoral para funcionar. Desse total, 28 possuem
representação no Congresso. Para 2016, os congressistas aprovaram um Fundo
Partidário com anabolizante. Engordou de R$ 311 milhões para R$ 819 milhões.
Pelas regras atuais, 5% desse valor são distribuídos em partes iguais para
todas as legendas, mesmo as que não têm assento no Congresso. Um acinte. Os
outros 95% são rateados entre as siglas na proporção dos votos obtidos na
última eleição para a Câmara dos Deputados.
Ferraço estima que a
aprovação de sua proposta reduzirá a menos da metade a quantidade de siglas no
Congresso —“algo entre 10 e 12 partidos, no máximo”. Crítico da profusão
indiscriminada de legendas, Temer é simpático à proposta. O novo presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comprometeu-se com Aécio Neves em apoiar a
emenda. Tenta-se obter o mesmo compromisso de Renan Calheiros, mandachuva do
Senado.
“O sistema partidário
brasileiro faliu, está carcomido e esgotado”, afirma Ferraço. “Temos agora, em
2016, um elemento muito pragmático para estimular a reflexão. Na eleição
municipal, os partidos estão proibidos de receber apoio financeiro de empresas.
O Fundo Partidário passa a ter uma importância enorme. Do modo como funciona
hoje, partido virou um negócio. O sujeito monta um partido e, na sequência,
abre uma mesa de negociação para partilhar o Fundo Partidário e vender o tempo
de propaganda no rádio e na tevê. Isso é uma esculhambação completa.”
JOSIAS DE SOUZA |
A proposta de emenda
constitucional de Ferraço e Aécio mexe em outros dois vespeiros: cria
mecanismos que inibem o troca-troca de partidos e proíbe as coligações
partidárias em eleições para o Legislativo. Prevê que os políticos que se
elegerem a partir das eleições de 2016 e 2018 perderão os respectivos mandatos
se trocarem de partido. Políticos que se elegerem por partidos que não consigam
superar a cláusula de barreira prevista na proposta poderão trocar de legenda
sem sofrer sanções.
Quanto à proibição de
coligações partidárias nas eleições legislativas (vereadores, deputados
estaduais e federais), a regra só passaria a vigorar a partir do pleito de
2022. As coligações continuariam permitidas nas eleições majoritárias
(presidente, governadores, senadores e prefeitos).
A limitação do número de
partidos tornou-se um imperativo no Brasil. Em nenhum outro país do mundo
políticos e eleitores têm tanta opção partidária. O sujeito pode ser de
esquerda, de centro esquerda, de meia esquerda, de um quarto de esquerda, de
três quartos de esquerda, de direita responsável, de extrema direita, de
direita disfarçada ou de direita da linha Bolsonaro… Não importa a ideologia do
cidadão. Ele sempre encontra um partido feito sob medida. Além das 35 legendas
existentes, há outras três dezenas aguardam pela emissão da certidão de
nascimento na fila do cartório da Justiça Eleitoral.
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