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COISAS
DO NORDESTE
(Por
Violante Pimentel) Mariana acabara
de chegar para morar em Natal, com a família, vinda do Rio de Janeiro. O pai,
que era Militar da Marinha, fora transferido para servir na Base Naval desta
capital.
O casal procurou logo matricular Mariana e os
dois irmãos num dos melhores colégios da cidade, que ficava a poucas quadras da
residência militar.
Todos tentavam se adaptar à nova capital, onde
para eles tudo era novidade. As crianças estavam gostando muito de Natal, da
casa e do colégio. O pai também estava satisfeito em servir na Base Naval de
Natal. Uma semana de folga ajudara na organização da rotina que teriam que
cumprir.
Os primeiros dias passaram rapidamente, e as
crianças demonstravam estar gostando do colégio. Os livros foram comprados, o
uniforme foi providenciado, e logo começaram a se entrosar com os colegas de
turma. Mariana, a mais velha, fez logo amizade com algumas meninas.Tudo estava
na mais perfeita ordem e todos estavam satisfeitos com a nova experiência de
morar num Estado diferente.
Na segunda-feira da terceira semana, a dona da
casa, Angélica, deixou as crianças na escola e voltou para cuidar dos afazeres
domésticos. Antes de onze horas, a filha
Mariana entrou em casa, descabelada e chorando alto, chamando pela mãe:
-Mamãe, na escola querem que eu faça um negócio
estranho na aula de Educação Física!!!
-Calma, filha. O que aconteceu?
-O professor falou que nós íamos fazer uma coisa
muito feia. Uma tal de bunda-canastra! Mãe, isso deve ser coisa muito ruim!
Fugi da escola e vim correndo até aqui!!!
Indignada com o relato da filha, Angélica voltou
com ela à escola, indo direto à sala da Diretora.
- Por favor, Sra. Diretora, quero saber por que o
professor de Educação Física desrespeitou minha filha, dizendo que ela iria
fazer uma tal de "bunda-canastra"!
Violante Pimentel é procuradora
aposentada do Rio Grande do Norte
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Dona Francisca, orientadora pedagógica que se
encontrava com a Diretora, conduziu mãe e filha à quadra coberta, onde as
crianças faziam atividades físicas.
- Veja, Dona Angélica! Bunda-canastra é isso! É o
mesmo que cambalhota. É uma volta que se dá no corpo, de frente, uma espécie de
rolamento, girando e voltando para a posição inicial.
Mariana, olhando desconfiada para a mãe,
dirigiu-se ao local, onde suas colegas de turma realizavam os exercícios
indicados pelo professor de Educação Física. Timidamente, juntou-se ao grupo e
entrou no ritmo da "bunda-canastra".
Angélica combinou com a filha que não contariam
nada ao pai, sobre o mico que haviam pago naquela manhã.
Sem graça, quando voltavam para casa, as duas
confidenciavam:
Bunda-canastra!!! Que palavra estranha! Parece
coisa feia!!!
E guardaram para si esse segredo hilário!!!
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