FRANCISCO ALVIM
Ao
entrar na sala
cumprimentei-o
com três palavras
boa
tarde senhor
Sentei-me
defronte dele
(como
me pediu que fizesse)
Bonita
vista
pena
que nunca a aviste
Colhendo
meu sangue: a agulha
enfiada
na ponta do dedo
vai
procurar a veia quase no sovaco
Discutir
o assunto
fume
do meu cigarro
deixa
experimentar o seu
(Quanto
ganhará este sujeito)
Blazer,
roseta, o país voltando-lhe
no
hábito do anel profissional
Afinal,
meu velho, são trinta anos
hoje
como ontem ao meio-dia
Uma
cópia deste documento
que
lhe confio em amizade
Sua
experiência nos pode ser muito útil
não
é incômodo algum
volte
quando quiser
***
SONETO
Ana Cristina César
Pergunto
aqui se sou louca
Quem
quer saberá dizer
Pergunto
mais, se sou sã
E
ainda mais, se sou eu
Que
uso o viés pra amar
E
finjo fingir que finjo
Adorar
o fingimento
Fingindo
que sou fingida
Pergunto
aqui meus senhores
quem
é a loura donzela
que
se chama Ana Cristina
E
que se diz ser alguém
É
um fenômeno mor
Ou
é um lapso sutil?
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