RAZÃO DE SER
Escrevo.
E pronto.
Escrevo
porque preciso,
preciso
porque estou tonto.
Ninguém
tem nada com isso.
Escrevo
porque amanhece,
E
as estrelas lá no céu
Lembram
letras no papel,
Quando
o poema me anoitece.
A
aranha tece teias.
O
peixe beija e morde o que vê.
Eu
escrevo apenas.
Tem
que ter por quê?
AVISO AOS NÁUFRAGOS
Esta
página, por exemplo,
não
nasceu para ser lida.
Nasceu
para ser pálida,
um
mero plágio da Ilíada,
alguma
coisa que cala,
folha
que volta pro galho,
muito
depois de caída.
Nasceu
para ser praia,
quem
sabe Andrômeda, Antártida
Himalaia,
sílaba sentida,
nasceu
para ser última
a
que não nasceu ainda.
Palavras
trazidas de longe
pelas
águas do Nilo,
um
dia, esta pagina, papiro,
vai
ter que ser traduzida,
para
o símbolo, para o sânscrito,
para
todos os dialetos da Índia,
vai
ter que dizer bom-dia
ao
que só se diz ao pé do ouvido,
vai
ter que ser a brusca pedra
onde
alguém deixou cair o vidro.
Não
e assim que é a vida?
Nenhum comentário:
Postar um comentário