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A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (VII)
O
Parlamento estava prestes a votar uma lei de grande impacto
econômico-financeiro. Os “nobres” andavam assanhadíssimos, ante a possibilidade
de auferir, digamos assim, ganho$ expressivo$ para aprovar a matéria.
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Veja só: ia votar a favor do projeto, porque o considero importante. Mas ia
votar de graça. Aí, descubro que há vários parlamentares levando grana. Agora,
também quero minha parte. Estou errado? – quis saber Sua Excelência do
assessor.
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Por que você não denuncia o esquema?
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Ficou louco? Eu me queimo na Casa e fico sem o dinheiro.
A ÉTICA DO CRUZ-CREDO (VIII)
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Cara: vamos embora pra Brasília. Você é um baita profissional, vai estourar por
lá. Sei do trabalho que você fez cobrindo a Câmara Municipal. Os vereadores viviam
se perguntando: “O que será que ele vai aprontar agora”? Você é sério,
trabalhador, baita repórter, não tem o rabo preso com ninguém. Vai estourar
também na cobertura do Congresso. Já falei de você para o editor. Está tudo
acertado.
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Não dá, não dá, não. O salário é baixo, igual o daqui. Lá, vou ter que pagar
aluguel, é tudo mais caro. Por aqui, faço uns textos extras, pra complementar a
renda.
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Bobagem. Você pensa pequeno. Em pouco tempo, lhe arrumam uma sinecura no
Congresso. Ou num ministério.
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Ora, você acabou de dizer que fiz um bom trabalho como repórter porque nunca
tive rabo preso com ninguém... Não dá pra ser repórter de política e assessor
de político ao mesmo tempo.
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É uma pena. Mas é você quem sabe. Está jogando fora baita oportunidade, de se
projetar e ganhar muito dinheiro. Caramba, não dá pra ser Caxias em tempo
integral. A gente precisa pensar no futuro.
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