sábado, 6 de junho de 2015

NÚBIA NONATO

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RENDIÇÃO

Hoje, ando com o vagar das
lavadeiras e suas trouxas
apinhadas  de roupas.

O sabão está nas pontas
o dinheiro foi pouco e não
deu pra comprar.

O tempo embora cinzento
deixou aberta uma pequena
fresta para o sol escapulir.

No sorriso da negra de ancas
enormes sigo na cadência de
seu corpo cheio de vida e de seus
olhos negros cheios de esperanças.

A negra de dedos grossos e mãos
calejadas me sorri e diz:
-- Deixa a roupa pra mim galega,
deixa os queixumes pra quem já
desistiu.

Espalha estas tuas letras bonitas
pra quem tem olhos de ver e ouvido
de escutar.

Espalha o rastro que Deus marcou
em ti que nem ferro em brasa.
E um dia me devolva o abraço
em forma de poesia.




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