sexta-feira, 26 de junho de 2015

AMANHÃ. QUEM SABE?

INTERNET

Com ele, as coisas funcionavam ao contrário.

Nos dias bonitos, de sol e calor, era acometido por uma angústia profunda. Da varanda do apartamento, observava o vaivém das pessoas nas ruas. E ele sem coragem de dar o passo, colocar roupa leve, tênis confortável, óculos de sol, sair por aí, rumo a lugar algum, pelo prazer, ainda que efêmero, de viver. Amanhã, eu também vou – dizia para si mesmo, sem convicção. Não ia.

Gostava mesmo de tempo frio, garoa fina e gelada. Nesses dias, as pessoas evitam sair, ruas e parques ficam desertos, crianças não fazem algazarra, não há quase barulho. Ao não avistar ninguém, então, ao ouvir o quase silêncio, sentia-se um pouco aliviado. Não estava tão só. E desandava a fazer planos que nunca colocaria em prática. 


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