DA CRIAÇÃO
Nascemos
pela misericórdia de um ato de amor ou
na maioria
das
vezes da casualidade onde nos tornamos
"acidentes".
Crescemos
na medida e atenção de um olhar mais
generoso,
cheio de cumplicidade ou simplesmente atirados
ao
léu, nos espalhamos que nem hera.
Driblamos
os reveses de uma adolescência complicada que
nos
atordoa, mas que diante de uma mão atenciosa nos permite
a
preciosidade de um colo ou nos jogamos na vida e confusos
aviltamos
nosso corpo, ávido de experiências, com abuso de drogas e
promiscuidade.
Adultos
nos relacionamos atentos, íntegros, nos envolvemos em
nome
de sentimentos nobres consolidando através de laços fortes
uma família ou nos aninhamos feito bichos que com
garras
afiadas
consomem a melhor parte da refeição deixando os restos para
a
cria que se arrasta sobre seu próprio corpo, mas que busca através do
olhar
choroso, do desespero, o amparo daquele que ruge e rumina e que
às
vezes se permite chamar pelo nome de pai ou
de mãe...
Conscientes
ou não, responsáveis ou não, a todos nós foi dada uma
escolha,
uma chance de ultrapassar através de uma fome que sustenta
a
nossa essência, as interrogações que ou confrontamos ou aninhamos
em
nome da covardia e da comodidade de quem não ousa levantar sequer
os
olhos para enxergar além de si mesmo.
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