quinta-feira, 4 de junho de 2015

QUASE HISTÓRIAS (XXXI)

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ABESTALHADO

Aquela pressa desde sempre presente, aquele desassossego sem trégua...
Nada daquilo lhe serviu pra nada. E ele sempre soube disso. E ele nunca mudou. Por besta, ignorava que saber não basta.

CARTAS

Bons tempos, embora sofridos, aqueles em que a gente escrevia cartas para a namorada distante – cartas derramadas, com juras de amor eterno. Elas, invariavelmente, começavam assim:

-- Espero que, ao receber esta, estejam todos – sua família e você – gozando (ops!) de saúde e paz. Etc.

As cartas demoravam a chegar ao destino. Demoravam mais ainda para retornar, quando retornavam. Uma lástima. O coração aflito, por apaixonado, pintava e bordava os piores cenários:

-- Será que minha Capitu tem outro?

Quase sempre tinha. Quando não tinha, logo tratava de ter. Muitas vezes, nem se dava ao trabalho de lhe mandar um bilhete:

-- Bentinho, nosso amor foi lindo enquanto durou. Seja feliz. Adeus.

Hoje, a situação é ainda mais cruel. A mensagem de despedida -- quando há mensagem de despedida, claro -- é curta e grossa:

-- Fui.



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