www.axisdraco.com |
ABESTALHADO
Aquela
pressa desde sempre presente, aquele desassossego sem trégua...
Nada
daquilo lhe serviu pra nada. E ele sempre soube disso. E ele nunca mudou. Por
besta, ignorava que saber não basta.
CARTAS
Bons
tempos, embora sofridos, aqueles em que a gente escrevia cartas para a namorada
distante – cartas derramadas, com juras de amor eterno. Elas, invariavelmente,
começavam assim:
--
Espero que, ao receber esta, estejam todos – sua família e você – gozando
(ops!) de saúde e paz. Etc.
As
cartas demoravam a chegar ao destino. Demoravam mais ainda para retornar,
quando retornavam. Uma lástima. O coração aflito, por apaixonado, pintava e
bordava os piores cenários:
--
Será que minha Capitu tem outro?
Quase
sempre tinha. Quando não tinha, logo tratava de ter. Muitas vezes, nem se dava
ao trabalho de lhe mandar um bilhete:
--
Bentinho, nosso amor foi lindo enquanto durou. Seja feliz. Adeus.
Hoje,
a situação é ainda mais cruel. A mensagem de despedida -- quando há mensagem de
despedida, claro -- é curta e grossa:
--
Fui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário