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O GALO SE FOI
Como
podia, num lugar daquele, prédios de um lado e outro, alguém ter galo? É certo que
algumas casinhas, poucas, muito poucas, com quintal, resistiam ao assédio das
incorporadoras. Sorte do galo. Azar o meu. Acordava às quatro com o galo
madrugador. Cansei, resolvi dar o troco. Acordava antes das quatro, imitava o
galo para o galo acordar. Ele retrucava. Vigoroso. O dono do galo se foi. Os
filhos venderam a casa. O galo, dizem, virou prato. E eu não canto mais pra seu
ninguém.
NO DIVÃ DO PACOVÁ
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É insuportável estar certo, sempre certo, doutor. Até porque certo de tudo
ninguém está. Nem o senhor.
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Lamento muito lhe dizer isso, Almerindo: vamos ter que continuar com as
sessões.
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Almerindo, Almerindo: posso, se tanto, dar um jeito nessa sua cabeça arruinada.
Nada mais que isso, meu caro. Agora, quando, na sua idade, a mulher (de anos)
quer discutir a relação... Melhor procurar um especialista em impotência.
Viagra talvez resolva. Não sei.
***
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Almerindo, você confunde muito as coisas. Não sou eu a pessoa mais indicada pra
lhe dizer de qual cor você deve pintar esses cabelos ralos. Francamente. Acaju
ou preto retinto? Sei lá. Pergunte a seus colegas, à sua amante...
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Sua amante, não! Ele é homem de respeito. E viril. PM da Rota.
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