QUE VENHA O AZEITE!
(OU: O QUE SERIA DESSA
GENTE SEM O WHATSAPP?)
Estou
comendo uma pizza com meu amor. (Pio, pio.)
Esqueci
de lhes dizer: de mussarela. Delícia. (Pio, pio.)
Vamos
pedir outra: de atum. A gente sai pouco de casa, mas quando sai não tem
miséria, não. Hehehe. (Pio. Pio.)
Que
azeite, o da cantina! Maravilha. Galo. Estamos nos esbaldando. Amanhã, seja o
que Deus quiser. (Pio. Pio.)
Se
der diarréia, tudo bem. Amanhã é domingo. E, lá em casa, a gente só usa NEVE,
folha dupla. Macio que só. (Pio. Pio.)
Já
tiramos várias selfies. Não dá para não registrar momento como esse. I-nes-que-cí-vel.
(Pio.
Pio.)
Meu
amor quer Romeu e Julieta de sobremesa. (Pio. Pio.)
Boa
noite, pessoal. Amanhã, como sempre, às seis, mando mensagem, para lhes desejar
o de todo dia: bom dia. Nem que seja do trono. Fui. (Pio. Pio.)
TIA UFA
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Liga, não liga? Liga, não liga? O
inferno de sempre, falsa dúvida. Sabia que teria que ligar, pra saber do pai,
da mãe, sobrinhos, família e do cachorro há muito sepultado. Convenções. (Atire
pedras quem vive sem essas pragas domésticas: as convenções.) Ligou emburrada,
sabedora do que a esperava:
-- Oi, mana, tudo bem?
-- Oi, Arlete. Bem nada, menina. Ando
tão cansada, tão cansada. Tudo tão difícil. Como é custoso viver. Tenho muitas
dores nas pernas, nos ombros. Calos nos pés me assombram. Sem falar da falta de
ar, das rachaduras nos bicos dos seios... Ando tão cansada... Esporão. Aftas. O
pai teima demais, a mãe está pior que ele, Juninho não quer saber de estudar,
Isolda sai com todo mundo, é o que me dizem. Estou tão cansada, Arlete, minha
irmã. Rezo para o dia não amanhecer, imploro para que a noite chegue... Arlete,
alô, alô?
-- Tia, não é Arlete, é Marilda, sua
sobrinha.
-- Cadê sua mãe?
-- Sua
prosa a levou a nocaute. Caiu de cansaço.
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