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DE MENINOS
"Bente
que bente é o frade
na
boca do forno, forno!
Tudo
que o mestre mandar
fazeremos
todos"! E se não
fizer?
Ganharemos bolo!"
E
assim eu cantava o refrão repetindo da
mesma
forma que meus colegas, ninguém
nunca
nos corrigiu e a diversão era garantida!
Vinha
criança de tudo quanto era toca, coelhos
perdiam
pra gente.
Triste
mesmo era quando chovia pingado e a
molecada
ficava trancafiada.
Televisão
moço? Tinha não, quer dizer, ela ficava
de
enfeite lá num canto, nossa luz foi cortada por
falta
de pagamento, já viu né, cabeça de criança
não
tem pausa e as idéias fluíam, corrida de gongolo
arremesso
de papel higiênico molhado, o teto ficava
lindo.
Infelizmente
nossa imaginação e a paciência de minha
mãe
não estavam em harmonia.
NÚBIA NONATO
Bom
mesmo eram os domingos, de vez em quando
aparecia
uma minguada mortadela, iguaria gente!
O
almoço era de estalar a língua, galinha ao molho
pardo
e macarrão, de salivar.
Sobremesa
era mais complicado, mas nada que o
quintal
do turco não pudesse fornecer.
A
tardinha a gente se apertava para ouvir um programa
no
rádio, algo que falava sobre fatos sobrenaturais, era
um
dos raros momentos de silêncio.
A
noite chegava trazendo o breu pra dentro de casa, pena
que
as estrelas ficavam lá fora...
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