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EDIFÍCIO BRASIL
A vizinha do 16º andar ficou
indignada com o que viu. E o que ela viu? Viu Josué esfregando os ladrilhos da
piscina. Era segunda-feira. Dia de limpeza.
Josué cumpria sua obrigação: limpava os ladrilhos da piscina. Com o zelo
e a alegria de sempre.
Mas, segundo a vizinha do
16º, Josué cometeu um pecado pra lá de capital, imperdoável mesmo: esboçou meia
dúzia de braçadas, mergulhou. Feito baleia, jorrou água. Dançou. Riu a valer.
Sozinho. Josué não sabia que estava sendo visto. Josué divertido, Josué
inocente.
Dia desses, Josué vai ao
fórum trabalhista contestar sua demissão por justa causa.
TERNINHO
Era mulher simplória, mais
simplória impossível. Ganhava a vida trabalhando como doméstica. Vivia num
cortiço, com duas irmãs bem mais velhas que ela e com o filho de uns quinze
anos, portador, desde o nascimento, de uma doença incurável, degenerativa. Ela desde
sempre soube que o menino não iria longe.
O dia fatídico chegou.
Procuramos ajudar, arcamos com as despesas do funeral. Mas ela estava
inconsolável. Chorava, evidentemente, a morte do filho. O que mais a
angustiava, no entanto, era o fato de não ter terno e gravata para enterrá-lo.
Inútil argumentar que isso era bobagem. Que Deus não dá a menor pelota para
essas coisas.
Pai e mãe, generosos,
providenciaram a roupa. Um sorriso ocupou seu rosto:
-- Agora, sim, com o
terninho, ele pode se apresentar a Jesus.
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