quarta-feira, 3 de junho de 2015

XICO BIZERRA

cerveja

MOLHANDO O BUCHO POR DENTRO

A gente vai ficando menos novo (gosto desse eufemismo pra disfarçar a ideia de que estou ficando velho) e aprendendo o que vale e o que não vale a pena. Antes, brigava por qualquer bobagem, não levava desaforo pra casa. Hoje, qualquer desaforo eu engulo, faço de conta que não ouço, me benzo, molho o bucho por dentro com uma cerva bem gelada e sigo a estrada. Pra que complicar mais se a vida já é tão complicada? Ato consciente que se reforça quando espio no espelho e vejo meus cabelos brancos, devido à brincadeira de mau gosto do senhor Tempo com as tintas dos anos e os pincéis da vida … Até pouco tempo, eu ainda dizia o que vinha na boca. De uns tempos pra cá, quem se senta ao meu lado jamais ouve desaforo. Ao contrário: calo, faço o sinal da cruz e, assim benzido, sigo em frente, alegre e sorridente, respeitando o tempo e sua pressa. E pra não perder o costume, enxáguo o bucho já molhado com outra cerva, mais gelada que a primeira. Que a vida é curta e só vale a pena o que é bom. (XICO BIZERRA)




Xico Bizerra é compositor, poeta, cronista e produtor musical.
 Tem mais de 270 composições gravadas


http://www.forroboxote.com.br/



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