sexta-feira, 5 de junho de 2015

QUASE HISTÓRIAS (XXXII)


GARGALHADA

José Maria de Almeida faz jus ao apelido. Jamais foi visto sorrindo. Só gargalha. Acha graça em tudo. Quanto mais infame a piada, mais ele gargalha. Um dia, no Bar do Carneiro, o Velho Marinheiro perdeu a paciência e foi direto ao ponto:

-- Me perdoe a franqueza, Gargalhada: quem gargalha por qualquer coisa, há tempos, superou o estágio da idiotia.


FEIXES

Romualdo Bastos, nosso cruzadista da Vila Invernada, deu um gole na uca, outro na cerveja, acendeu um cigarro, pigarreou, fez cara de conteúdo e disparou:

-- Todo homem é um feixe de hábitos.

A turma que estava no bar do Carneiro balançou a cabeça afirmativamente e disse em uníssono: “É verdade, é verdade!” Romualdo Bastos, por ali, era tido em alta conta. Afinal, fazer palavras cruzadas todos os dias não é coisa pra qualquer um, ainda mais na Vila Invernada.

-- Pode até ser, seu Romualdo Bastos, pode até ser. Mas, depois de certa idade, todo homem vira um feixe de dores – retrucou o Velho Marinheiro.



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