LULA É APENAS O PRIMEIRO
No País reinou a calma. Era esperado. E o mesmo vai ocorrer
quando da prisão do chefe do petrolão. O Brasil mudou, ainda bem
Por Marco Antonio Villa
IstoÉ – 02/02/2018 – 18h
A condenação de Luiz Inácio Lula da Silva a 12 anos e 1 mês de
reclusão – além da pena pecuniária – é um marco político-jurídico. Nunca na
história do Brasil houve algum fato que sequer tenha se aproximado ao
acontecido no já célebre 24 de janeiro de 2018. Poucos acreditavam que a
Justiça fosse igual para todos. O caput do artigo 5º da Constituição era
considerado perfumaria, algo para ser lido até com desdém. Isso porque havia
brasileiros mais iguais que outros. Porém, juízes identificados com a plenitude
do Direito, que julgam independentemente da capa do processo, demonstraram que
temos sim Justiça – muito diferente daquela dos tribunais superiores de Brasília.
O sinal dado por Porto Alegre é claro: ninguém está acima da lei. É
um recado não somente para Lula, mas para toda elite política. Se até ele pode
ser condenado (e vai ser preso) por que outros não serão? E são centenas de
envolvidos nas investigações, alguns já processados e muitos condenados em
primeira instância. A fila é longa e deve andar esse ano com novas condenações
atingindo políticos de diversos partidos políticos. O País tende, portanto,
para um caminho muito distinto do italiano. Lá a Operação Mãos Limpas foi
logo controlada pelo poder tradicional. Aqui o processo é distinto e está
criando as condições para a efetiva construção da República sob bases
democráticas stritu sensu.
O PT tentou desqualificar o processo contra Lula. Perdeu. Depois
atacou Sergio Moro. Perdeu também. Aí mirou suas baterias contra os
desembargadores do TRF da 4ª Região. Novamente foi derrotado. Lula, como de
hábito, usou o partido para seu interesse pessoal. Sabe que sem ele o PT não
sobrevive. E dessa vez arrastou toda esquerda. O que foi bom para ele, foi
péssimo para o futuro de outras organizações que poderiam – no campo da
esquerda – produzir um discurso ético, dissociando-se do PT. Assim, caso se
mantenham no apoio a Lula e na desqualificação da decisão judicial, caminham
juntamente com o PT para o suicídio político.
Muitos temiam a reação popular à condenação de Lula. Os militantes
profissionais que acompanharam in loco
o julgamento foram embora sem qualquer problema. No resto do País reinou a
calma. Era esperado. E o mesmo vai ocorrer quando da prisão do chefe do
petrolão. O Brasil mudou, ainda bem.
***
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Em 2016, o STF gastou mais de meio bilhão de reais. Apoiado em relatório da presidente da Suprema Corte, o historiador e analista político Marco Antonio Villa analisa os gastos. É um escárnio. Confiram. (OS)
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