FHC: "É preciso arejar" |
HUCK
DISCUTE COM FHC
RETOMADA
DE CANDIDATURA
Alckmin
e seus apologistas tucanos afirmam, em privado,
que
FHC precisa decidir se é aliado ou um mero estorvo
para
atrapalhar a vida do candidato do seu partido ao Planalto
Por
Josias de Souza
UOL –
08/02/2018
Movimentando-se na direção da retomada de uma
candidatura presidencial que dizia ter abandonado, Luciano Huck deve se
encontrar com o presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso.
Informado de que a conversa poderia ocorrer já nesta quinta-feira, em São
Paulo, um correligionário do presidenciável tucano Geraldo Alckmin reagiu com
um palavrão. Classificou de “sabotagem” o estímulo de FHC às pretensões
políticas do apresentador da TV Globo.
Há dois dias, em entrevista à Joven Pan, FHC
soou explícito: “É bom ter gente como Luciano, porque precisa arejar, botar em
perigo a política tradicional, mesmo que seja do meu partido. É preciso que ela
seja desafiada por pessoas portadoras de ideias e processos políticos novos
para que o próprio partido possa avançar. Está havendo sinal nessa direção.”
O grão-mestre do tucanato como que antecipou
a pauta da reunião: “Eu gosto do Huck. Sou amigo dele e da família. Acho que
para o Brasil seria bom. Seria bom ter mais opções. Não quer dizer que esteja
apoiando. Mas as pessoas que não têm partido para governar têm muita
dificuldade. Ele tem boas intenções. Não sei por qual partido viria. Falam que
pelo PPS. Mas o PPS não tem estrutura.”
Conforme já noticiado aqui, o presidente do
PPS, deputado Roberto Freire, de fato se mantém em contato com Huck. E ainda
cultiva a expectativa de abrigar seu projeto presidencial no partido.
Não é difícil entender as razões da irritação
de Alckmin e seus correligionários com a movimentação de FHC. Disseminava-se no
ninho a suspeita de que o líder número um dos tucanos guardasse a candidatura
de Huck sob a manga como uma alternativa de centro. Aos poucos, a suspeita vai
se convertendo em certeza. Daí a irritação.
Empacado nas pesquisas, Alckmin tornou-se
motivo de preocupação para os empresários e líderes partidários que enxergavam
nele uma opção conservadora para a sucessão de Michel Temer. E a aproximação de
FHC com Huck potencializa as dúvidas quanto à capacidade de Alckmin de chegar
ao segundo turno da eleição.
Geraldo Alckmin e seus apologistas tucanos
afirmam, em privado, que FHC precisa decidir se é aliado ou um mero estorvo
para atrapalhar a vida do candidato do seu partido ao Planalto. Os operadores
políticos de Alckmin recordam que foi FHC quem estimulou o governador de São Paulo
a assumir a presidência do PSDB, para cuidar de sua candidatura ao Planalto. E
não se conformam com o seu aparente encantamento com Huck.
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