quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

QUASE HISTÓRIAS: EROTISMO À FLOR DA PELE

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IMAGEM: JOÃO SEBASTIÃO DA COSTA

 
Agostinho nunca vira nada igual.

E olhem: Agostinho, querendo ou não querendo, viu, ao longo da vida, muitas coisas em tempos normais, em tempos de micaretas e, sobretudo, em tempos de Carnavais.

Fez pouco, viu muito. Homem de comer com olhos.

Mas Agostinho nunca vira um Carnaval tão comportado, tão família, tão papai-mamãe. E tão erótico, por mais paradoxal que tal afirmação possa parecer.

Carnaval de rua. Pacata cidade do interior. 

Ali, naquela noite, naquela arena destinada ao prazer mais primitivo, não se viu um mísero peito de fora, uma droga de uma bunda desnuda, um par de coxas à mostra. 

O que se viu ali?

Homens e mulheres, de várias idades e ânimo ofegante, vestidos até os dentes, roupas de sarja, meias de futebol a cobrir as varizes, óculos com olho cego, figurino em homenagem à Maria Bonita e Lampião. Foi o que fez o bloco vip da cidade.

De onde vinha o tesão de Agostinho?

Ora, do ocultamento absoluto, casto, definitivo. 

Se as mulheres escondiam com tanta determinação suas melhores partes, ali tinha.

Agostinho soube depois que não estava de todo errado.

(Publicado em  março de 2014 - Atualizado em fevereiro de 2018) )

2 comentários:

  1. Jorge Macedo escreveu: Lembranças em que se ouvia dramas pelo rádio como se estivesse assistindo. As grandes interpretações acompanhadas de uma sonoplastia perfeita. Agostinho, conseguia vislumbrar o que estava escondido "por debaixo dos panos!"

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