Querem criar no Brasil a “Ditadura dos Oprimidos” Foto: Agência Estado |
NOSSA ESQUERDA
Teoricamente, um agrupamento político com a fúria exibida
nos palanques pelo PT e seus satélites deveria produzir,
se não uma revolução, pelo menos uns revolucionários
Por J.R. Guzzo
19/02/2018 – 7h17
Quanto mais agressiva se mostra, ou finge se mostrar, mais a
esquerda brasileira aparece à luz do sol como ela realmente é. Já faz muito
tempo que se transformou numa espécie de Federação Nacional das Ideias Mortas.
Agora, com as desventuras do ex-presidente Lula e as incertezas quanto ao seu
futuro próximo, está se tornando apenas absurda. Seus líderes gritam em público
que não existe uma democracia no Brasil no momento, mas escondem-se no Senado
Federal e na Câmara dos Deputados para desfrutar das “imunidades parlamentares”
que os protegem do Código Penal. Falam em exterminar os adversários, mas na
vida real ficam do lado do senador Aécio Neves para impedir que ele seja
processado por extorsão; em troca, recebem o apoio de sua turma. Dizem que a
Justiça brasileira vendeu-se para permitir a fabricação de provas falsas contra
Lula ─ mas continuam entupindo os tribunais com recursos, ameaças e advogados
caros. Convocam a população para ir às “ruas” e ali mesmo derrubar o regime.
Não reconhecem mais “as instituições”. Propõem que o povo brasileiro, em
pessoa, assuma o governo daqui para frente. Nada disso, naturalmente, faz o
menor nexo. O resultado prático é que acabam provando, a cada dia mais, que
viraram uma contrafação ─ são dinheiro falso, pura e simplesmente, embora não
exista nada de simples, e muito menos de puro, em qualquer coisa que façam.
De onde está vindo essa gente que se vê por aí no papel de “homem de
esquerda”? Teoricamente, um agrupamento político com a fúria exibida hoje nos
palanques pelo PT e seus satélites, deveria produzir, se não uma revolução,
pelo menos uns revolucionários ─ ou, vá lá, uma imitação decente do
guerreiro-fantasia das lutas populares, capaz de ter ficha na polícia secreta e
assustar um pouco a burguesia. Mas os revolucionários que estão saindo
atualmente do forno da esquerda brasileira são uma lástima. Vivem de verbas do
governo e de instituições internacionais de caridade política. Traficam com
cestas básicas, casas populares construídas com dinheiro do erário e financiamentos
do Banco do Brasil. Têm direitos e garantias legais ─ que dizem não existir no
país, mas usam em seu favor todos os dias. Precisam de ônibus fretados, lanche
e pagamento de diária para juntar gente na rua. Atacam propriedades indefesas.
Querem criar no Brasil a “Ditadura dos Oprimidos”, como diz o professor Luiz
Felipe Pondé, mas estão toda hora correndo para o colo do Ministério Público,
atrás de algum tipo de proteção legal.
“A força da esquerda nacional, hoje em dia, é unicamente
a que lhe é dada pela covardia das autoridades, que morrem
de medo dela e de sua presença na mídia”
O grande problema da esquerda brasileira, no fundo, é que seus
guerrilheiros têm medo de bala de borracha. O que poderia representar melhor
que isso a situação a que chegaram ─ ou o déficit de fibra, têmpera e coragem
militar demonstrado por seus movimentos? Um revolucionário com um mínimo de
respeito por si próprio não pode exigir, principalmente do governo que pretende
“derrubar”, o direito de ser tratado com gentileza pela polícia. Não pode pedir
que a autoridade pública elimine qualquer risco de dor física para ele quando
vai invadir terrenos, quebrar vidraças ou bloquear a livre passagem dos
cidadãos por estradas ou avenidas. O que diria de uma coisa dessas um Lênin, ou
mesmo um mero Fidel Castro? Iam para a luta cientes de que o inimigo estava
armado, e que faria uso de toda a munição que tivesse; jamais lhes passou pela
cabeça requerer ao governo a proibição do uso de algum tipo de bala. Aqui é uma
tristeza. Se a esquerda tem medo da bala de borracha, o que dizer, então, da
bala de chumbo? Assim não há revolução que aguente.
A força da esquerda nacional, hoje em dia, é unicamente a que lhe é
dada pela covardia das autoridades, que morrem de medo dela e de sua presença
na mídia. Suas lideranças e “militantes” não existem porque têm por trás de si
o apoio das “massas populares”, como dizem. Só existem porque têm, na prática,
a permissão do governo para agredirem o direito de ir e vir, cultivarem a
baderna como método natural de ação política e destruírem propriedade privada ─
inclusive centros de pesquisa, quando não gostam do objeto das pesquisas. A
autoridade, em vez de aplicar a lei, se intimida com as ameaças e concorda em
“dialogar”. Na verdade, está protegendo a liberdade de praticar delitos. Nega
ao cidadão comum, que tem os seus direitos legais desrespeitados pelos
“movimentos sociais”, a proteção permanente que fornece à “militância” da
esquerda. É isso. Nossos esquerdistas, no fim das contas, fazem parte do Brasil
que dá errado. São o dínamo do atraso. Não vão sair daí nunca.
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