Ilustração: educolorir.com
O que Jovelino mais ganhou na vida foram
elogios da boca pra fora e tapinhas nas costas. De origem humilde, aprendeu a
fazer de um limão várias limonadas. Jamais se intimidou ante os obstáculos. Ao
contrário. Assim que os avistava, redobrava os esforços, a fim de superá-los. “O
importante” – dizia ele – “é seguir em frente”. Conformado, não alimentava
rancores. Formou-se na faculdade de Direito, depois fez pós-graduação e
diversos cursos de especialização, aprendeu – por conta própria e risco –
Inglês e Francês. Tinha certeza de que, um dia, mais cedo ou mais tarde, sua
competência e dedicação seriam reconhecidas pelos chefes.
Jovelino trabalhava feito mouro, não
rejeitava serviço, sempre com um sorriso nos lábios. Procurava fazer o melhor
possível. Às vezes, ele ficava triste, quando não era aquinhoado com as promoções.
Paciência. Um dia seria reconhecido. Hora de trabalhar dobrado, para ser notado.
Afinal, era elogiado pelos patrões. Um deles chegou a lhe dizer: “Foi Deus quem
o colocou no caminho de nossa empresa”. Entre os colegas de trabalho, no
entanto, não era muito benquisto: “Você trabalha demais, cria problemas para a
gente”.
Jovelino nunca teve boca para reivindicar
qualquer coisa, menos ainda para puxar o saco dos superiores. Trabalhava,
trabalhava. Ficava anos e anos na mesma empresa, na esperança de que um dia –
como não? – seria, enfim, valorizado. O tempo passou, a aposentadoria bateu à
sua porta. Hora de mostrar aos netos – “meus crioulinhos”, como ele costuma
dizer cheio de orgulho – a placa que recebeu da firma em que trabalhou os
últimos quinze anos antes de se aposentar: “A Vieira & Associados agradece
seu empenho”. (Atualizado em fevereiro
de 2018)
Pobre Jovelino...
ResponderExcluirSnif...
Segue meu aplauso !!