Cadê as ideias? |
HÁ MUITO CALDO E POUCO FEIJÃO NA PANELA
Se você não abrir os olhos, vai acabar elegendo
a melhor encenação, não o melhor candidato
Por Josias de Souza
UOL/BLOG - 23/02/2018 - 23h25
Os partidos têm até o dia 15 de
agosto para registrar no Tribunal Superior Eleitoral os nomes dos candidatos à
Presidência da República. Ou seja: faltam seis meses. Há na praça, entre
candidatos e pretensos candidatos, uma dezena de nomes. A lista inclui até
condenado. Mas, se a sucessão fosse uma feijoada, haveria no panelão muito
caldo e pouco feijão. Carne, nem pensar. A grande pergunta é: o que pretendem
fazer os candidatos? Ou, por outra: o que eles têm a oferecer? O problema não é
nem a falta de projeto, mas a sensação de que todos o consideram desnecessário.
Muitos dizem: ah, isso é assim
mesmo. O brasileiro está noutra sintonia. Mal acabou o Carnaval. O Tite ainda
nem convocou a seleção da Copa. Por essa lógica, o eleitor só vai acordar para
a sucessão quando começar a propaganda dos candidatos na televisão. Beleza.
Tudo normal. Mas foi esse tipo de normalidade que transformou a democracia
brasileira num empreendimento político que saiu pelo ladrão. Depois de tantos
escândalos, imaginou-se que algo de anormal aconteceria.
A oligarquia política que caiu nas
ratoeiras do mensalão e da Lava Jato se rearticula para oferecer dois tipos de
mercadoria nessa eleição: mais do mesmo ou algo muito pior. Nesse exato
momento, os principais candidatos montam suas coligações. Seguem a mesma lógica
maldita que colocou o Brasil no caminho do brejo. Em troca do tempo de
propaganda, negociam a alma com Jeffersons e Valdemares, Jucás e outros azares.
Só no final do processo aparecerão as ideias… Dos marqueteiros. E você, se não
abrir os olhos, vai acabar elegendo a melhor encenação, não o melhor candidato.
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