sexta-feira, 31 de março de 2017

POLÍTICA/OPINIÃO: JOSIAS DE SOUZA



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FOTO: ARQUIVO GOOGLE


MICHEL TEMER NÃO PASSOU
DA FASE DO MAL MENOR

O convívio do presidente com personagens que lutam
pela própria sobrevivência política, não pela salvação nacional,
o torna uma autoridade inapta para exigir da plateia
os sacrifícios previdenciários e trabalhistas

Por Josias de Souza
UOL – 31/03/2017 | 15:47

Quando Dilma Rousseff estava em franco processo de autocombustão, Michel Temer vaticinou: ''Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo” de 7% ou 8% de popularidade. Era setembro de 2015. No mês anterior, o Datafolha informara que a taxa de aprovação da presidente petista recuara para 8%. Um ano depois, Temer estava sentado na cadeira de Dilma. Hoje, informa o Ibope, apenas 10% dos brasileiros aprovam a gestão Temer. E seu mandato está pendurado num veredicto do Tribunal Superior Eleitoral.
Para 41% dos entrevistados do Ibope, o governo atual é pior do que o deposto. Mas a taxa de reprovação da administração Temer (55%) ainda é menor do que a de Dilma, cujo índice de aversão rodou na casa dos 70%. A cólera das ruas evoluiu para um surto de passividade. Deve-se a apatia à sensação de que, sob Temer, Brasília parou de cavar o buraco em que Dilma metera o PIB nacional. Isso é suficiente para reter na garganta da maioria o ‘Fora, Temer’. Mas o substituto de Dilma não conseguiu ultrapassar a fase do mal menor.

Temer persegue um equilíbrio difícil: promete o novo na economia ao lado do lixo da Lava Jato. A alta do desemprego, agora na casa dos 13,2%, mostra que os resultados econômicos tardam. E o convívio do presidente com personagens que lutam pela própria sobrevivência política, não pela salvação nacional, o torna uma autoridade inapta para exigir da plateia os sacrifícios previdenciários e trabalhistas embutidos nas reformas que tramitam no Congresso.

Para complicar, a figura de Temer, quando tomada individualmente, inspira mais desconfiança do que o conjunto do seu governo — 79% das pessoas ouvidas disseram não confiar em Temer. A sorte do substituto constitucional do desastre é que não há um vice no seu encalço para indagar: “Vai resistir um ano e nove meses com esse índice de popularidade tão baixo?” Sem alternativas, o país parece condenado a assistir à absolvição de Temer no TSE e a tolerar o mal menor na Presidência até a sucessão de 2018.

CHÁ DAS CINCO: PAULO AUTRAN INTERPRETA VINÍCIUS. GAL CANTA TOM E VINÍCIUS


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SONETO DA FIDELIDADE




De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

***



Eu Sei Que Vou te Amar
De Tom Jobim e Vinícius de Moraes
Com Gal e Tom



Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar

E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou

Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

CRÔNICA: MÁRIO PRATA




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CONSULTÓRIO DO ANALISTA DE BAGÉ - FOTO: ROBERTO SILVA




CRÔNICA DA LOUCURA

Por Mário Prata
16/05/2013

O melhor da Terapia é ficar observando os meus colegas loucos.

Existem dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim, somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.

Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar louco semanal.

O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco. Ninguém olha para ninguém. O silencio é uma loucura.

E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses. Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de um “consultório médico”, como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos: Na última quarta-feira, estávamos: (1) eu, (2) um crioulinho muito bem vestido, (3) um senhor de uns cinqüenta anos e (4) uma velha gorda.

Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do principio que todos eram loucos, como eu. Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados.

(2) O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime. Deve gostar de uma branca, e os pais dela não aprovam ou não conseguiu entrar como sócio do “Harmonia do Samba”? Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro. Talvez apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo. Podia ter também uma arma lá dentro. Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina.

(3) E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos? Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roía as unhas. Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assoou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa. Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas. Homossexual? Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido.

(4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria, meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava. Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.

Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista. Conto para ele a minha “viagem” na sala de espera. Ele ri, ri muito, o meu psicanalista e diz: “(2) O Ditinho é o nosso office-boy. (3) O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades. 4) E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe. E (1) você, não vai ter alta tão cedo…”

***

VEJA TAMBÉM

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O Velho Marinheiro nem olhava para o orador. De costas estava para o falante, de costas permaneceu. De vez em quando, no entanto, anotava alguma coisa nas beiradas das páginas do jornal. Por Orlando Silveira
http://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/03/o-papo-furado-do-cruzadista-e-o-livro.html#comment-form

A ARTE DE SIMONE GRECCO





JÁ PAPOU?
A COMIDA ESTAVA BOA?
QUE BOM.
HORA DE FAZER A SESTA.
DESCANSAR
LER UM BOM LIVRO...



OU DE OUVIR BOA MÚSICA.
VOCÊ ESCOLHE, CERTO?



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JOGAR TÊNIS?
NEM PENSAR.
DEPOIS DA BOIA, DÁ CONGESTÃO.
SABIA NÃO?


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PEDALAR?
TAMBÉM NÃO.
SÓ MAIS TARDE.
FICOU MALUCO?

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NADA DE DANÇA. 
OU VOCÊ QUER "DANÇAR"?



ENTÃO, NADE, SEU TONTO.
QUEM PROCURA ACHA. 
DEPOIS NÃO RECLAME.



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LOGO VI.
QUIXOTESCO. 
MAS NÃO ME TOME POR SANCHO.
SANCHO EU NÃO SOU.

(OS)

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 ***
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Formada pela Faculdade de Belas Artes
de São Paulo (1972)  e com diversos cursos
de especialização nos Estados Unidos,
Simone Grecco é uma artista plástica –
mestre em esculturas em arame –,
cuja obra é admirada no Brasil e no exterior.
Para entrar em contato com Simone, acesse:



NÚBIA NONATO


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Desapego

Já me desfiz de quase tudo,
roupas antigas em bom estado,
bijuterias, quinquilharias,
brincos dourados e pulseiras
coloridas.
Sapatos, sandálias que nem
combinam com meus pés tão
familiarizados com a dureza
do chão.
Espelhos são raridades, já
conheço meu rosto de cor e
salteado.
As flores perecem no galho
que o tempo seja o seu algoz.
De uma coisa ainda não me
desfiz, da poesia.
Tentei ver-me sem ela.
Tentei despir-me dela.
Tentei rezar sem ela...
Que me perdoem os deuses,
mas esta parceria é com os
anjos que cansados de
uma cadência repetitiva
sopram-me faíscas.

(Núbia Nonato) 

***
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 Em casa, Otávio resolveu fazer o que há muito não fazia: 
olhar-se no espelho. Quase enfartou. Era uma réplica piorada do capeta. 
Um caco ensebado. Tinha que pôr um fim naquilo. 
Por Orlando Silveira
http://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/03/na-proxima-segunda-ok.html#comment-form