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ANA ANDRADE
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EU VI UMA MENINA
Eu vi uma menina
sentada
nas escadas do tempo,
dissecando as memórias
que crescem na ponta dos dedos
e envelhecem
nas folhas de um diário,
desbotado
pelos ponteiros que roubam as horas.
Eu vi uma menina
miragem
serena de esperança
deitada
nas asas de uma brisa macia,
retrato esvaecido
na despedida dos estios,
escutava
a ternura dos pássaros,
vertendo silêncios
que sossegavam o luto das marés.
Eu vi uma menina
correndo
de tranças ao relento,
enfeitiçada pelos poentes
e desprevenida de saudades:
caminhava
pelas noites redondas
na pressa de encontrar,
a razão de toda a criação.
Eu vi uma menina,
chorando uma lágrima
que o futuro não resgatou...
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