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-- Ananias, o que estão fazendo com os cães é uma barbaridade,
verdadeiro crime. Às vezes, tenho vontade de partir para a ignorância –
resmungou o Velho Marinheiro.
-- O senhor é contra o uso de animais em pesquisas científicas? - quis saber o jornalista "aposentado" pelo desemprego.
-- Não me refiro a isso, não. Esta é uma polêmica em que não quero
entrar. Não por que tenha medo de patrulhas. É que não tenho conhecimentos
suficientes. Não sei se é possível (ou não) avançar na medicina sem a ajuda
involuntária dos bichos.
-- Então, a que o senhor se refere?
-- Dia desses, Deolinda esteve com seu cachorro, um poodle, aqui, no bar do
Carneiro. Veio para se exibir para o cruzadista. Só faltou esfregar as
nádegas nos óculos dele.
-- Mas, e o cachorro com isso? – questionou Ananias.
-- O cachorro estava todo paramentado. Usava uma roupa esquisita, com
direito a cachecol! Numa das orelhas, tinha um brinquinho; numa das patas dianteiras,
uma pulseira. E ostentava um colar com os dizeres: “Sou da mamãe”...
-- É que virou moda...
-- Desde quando, Ananias, moda presta? A exibida da Deolinda ficou mais
assanhada ainda quando aquele sujeito das palavras cruzadas lhe disse que
também tinha uma cachorrinha poodle e que eles poderiam cruzar.
-- Eles quem?
O Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar, não deixou por menos:
-- Acho que os quatro, pelo menos foi o que aquela troca de olhares
lânguidos me sugeriu. Se isso ocorrer, teremos duas decepções: a da
cachorra do cruzadista com o cachorro da viúva alegre e a de Deolinda com
Romualdo Bastos. (ORLANDO SILVEIRA - 2013)
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