domingo, 4 de setembro de 2016

QUASE HISTÓRIAS

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INVENTÁRIO

A velha se foi. Deixou saudade miúda. Ninguém ameaçou cortar os pulsos. Sempre foi chata. Esse demérito ninguém lhe tira. Missa de sétimo dia rezada, hora do acerto: como dividir o “espólio” entre os quatro filhos?

A velha se casara uma vez; o velho, duas. Problema. Do primeiro casamento, ele trouxe dois filhos. Que casaram e produziram filha única cada um. Na ponta do lápis, o que se tinha eram quatro netas e dois netos. E quatro “jóias” ordinárias: dois pares de brincos, duas correntes de feira de artesanato.

A irmã mais nova, já com seus 50 e tantos anos, tentou argumentar:

-- A mãe tinha quatro netas. Justo dar uma lembrança pra cada uma.

-- Você é louca? – rosnou a mais velha. Eles são irmãos só por parte de pai. Logo, as meninas não são tão netas como nossas filhas. E tem mais: a panela de pressão que a mãe deixou é minha. 


UM PACIENTE SINCERO (I)

-- Doutor: vou abrir o jogo, não engano ninguém. Gosto de beber, fumo sem descontinuar, como o que me dá vontade, não gosto de andar. E mais: não vou mudar. O que o senhor pode fazer por mim?

-- Nada, meu caro, nada. Se você não mudar seus hábitos, nada feito.

-- O senhor é igualzinho aos outros. Se basta parar de beber e fumar, comer só verduras e frutas, andar uma hora por dia e abraçar árvores, não preciso de médico. Até mais ver.

UM PACIENTE SINCERO (II)

-- Quer dizer, doutor, que se eu parar de fumar melhoro muito.

-- Uns oitenta por cento.

-- Então, estou morto: nunca fumei.



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