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DILMA DÁ ADEUS À BRASÍLIA
Por Ricardo Noblat – 06/09/2016 às 02h52
Esta tarde, a ex-presidente Dilma
Rousseff voará de volta a Porto Alegre pela última vez em um jato da Força
Aérea Brasileira. Ao longo do dia, quatro caminhões deixarão o Palácio da
Alvorada levando os pertences que ela acumulou por lá desde janeiro de 2010
quando ali pisou pela primeira vez.
Bons tempos aqueles para os que
acreditavam nos generosos sonhos do PT. Nos jardins do palácio ainda havia uma
gigantesca estrela vermelha à base de flores plantada pelo casal Lula da Silva.
Funcionava como um sinal da ocupação que o partido imaginava prolongar por 20
anos ou mais. O projeto parecia factível.
Lula governara o país por oito anos.
Elegera Dilma para mais quatro. Se não quisesse voltar em 2014, daria um jeito
de reelegê-la como acabou fazendo. Voltaria em 2018 para, se fosse o caso, se
reeleger em 2022. Só aí teriam se passado 24 anos. Mais do que os 20 anos que
estiveram no cálculo do PSDB quando Fernando Henrique se elegeu em 1994.
O plano do PSDB gorou depois de oito
anos tão logo a economia começou a emborcar. O do PT ao cabo do governo mais
desastroso da história recente do país, os cinco anos e quase seis meses de
Dilma. Sua herança maldita mistura a mais cruel recessão econômica desde os
anos 30 do século passado com o maior escândalo de corrupção que já vimos.
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Bem ou mal sucedidos, os antecessores
de Dilma – à exceção, naturalmente, dos generais presidentes – foram políticos
testados em várias eleições. Ela, não. Nunca fora eleita para coisa alguma, nem
mesmo para síndica do prédio onde morava em Porto Alegre. De resto, não gostava
de política, detestava os políticos e não ambicionava o poder.
Foi uma candidata a presidente construída pelo marketing. E eleita como “a mulher de Lula”. Quando soube que fora reeleita, uma das primeiras coisas que confidenciou aos que a cercavam no Palácio da Alvora foi: “Nunca mais”. Repetiu a mesma frase depois de saber que a Câmara dos Deputados aprovara a instauração do seu processo de impeachment.
Que ninguém espere sua volta mais
adiante em condição alguma. Foi um equívoco que ela mesma pretende esquecer. Um
equívoco que infelicitou o país.
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