Dividido em duas turmas, o STF não se entende Foto: STF - Divulgação |
RESPEITO
AO JUDICIÁRIO COMEÇA
PELO AUTORESPEITO
O Supremo,
por vezes, adota um comportamento de risco,
com
forte tendência à autodesmoralização
Por
Josias de Souza
UOL –
01/02/2018 – 20h53
Em
discurso na solenidade de abertura do ano judiciário, a presidente do Supremo
Tribunal Federal, Cármen Lúcia, cobrou respeito às decisões judiciais. Ela
declarou que “é inadmissível desacatar a Justiça, agravá-la ou agredi-la.
Justiça individual, fora do direito, não é Justiça, senão vingança ou ato de
força pessoal”. Impossível discordar de afirmações tão óbvias. Mas faltou dizer
uma coisinha: para ser integralmente respeitado, o Judiciário precisa se portar
de maneira respeitável.
Esse
debate é de grande pertinência, pois nosso amigo Supremo, por vezes, adota um
comportamento de risco, com forte tendência à autodesmoralização. Os ministros
do Supremo insultam-se em público. Um deles julga casos de amigos. Os outros
fingem não ver. Há duas turmas. Uma prende. Outra solta. A segurança jurídica
vai para o beleléu. A primeira instância condena corruptos. O Supremo os
protege. Se pune, de raro em raro, transfere ao Legislativo a prerrogativa de
perdoar.
Cármen
Lúcia não disse, mas, quando pediu respeito, referia-se a Lula, que esperneia
contra o 3 a 0 do TRF-4. Para o PT, só são legítimas as decisões favoráveis. O resto
é golpe. No momento, o petismo acha antidemocrático prender Lula. Exige a
revisão da regra sobre o encarceramento após condenação na segunda instância.
Rever em função de Lula seria “apequenar” o Supremo, já disse Cármen Lúcia. Mas
há colegas da ministra querendo reanalisar um tema que já foi objeto de três
julgamentos. Um, dois, três julgamentos. O Supremo não se deu conta de que a
Roleta Russa é uma modalidade de suicídio.
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