Doutor Paul Gachet - Van Gogh
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EMBRIAGUE-SE
TRADUÇÃO: Jorge Pontual
É
preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não
sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o
chão, é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas
de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. Mas embriague-se.
E
se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão
triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida,
pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que
foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que
fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio
lhe responderão: “É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do
Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude,
como quiser”.
***
Charles
Baudelaire (1821-1867) foi um dos mais influentes poetas franceses do século
XIX. Considerado um dos precursores do Simbolismo, inaugurou a modernidade da
poesia, só foi reconhecida depois de sua morte. Foi também: tradutor, ensaísta
e crítico de arte.
Sua
obra: “Paraísos Artificiais” (1860), “Miudezas” (1866), “Sleen de Paris:
Pequenos Poemas em Prosa” (1869) e “O Princípio Poético” (1876).
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