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ADROALDO, O
PAPAGAIO
Quando o cachorrinho – companheiro da família de muitos e muitos
anos – morreu, o mundo desabou. Ali, todos choraram – e muito. O papagaio
verteu umas lágrimas, emudeceu por vários dias, não queria saber de seu
ninguém. Aliás, ali, ninguém queria saber mais de seu ninguém.
Ante a dor doída e generalizada, todos – pai, mãe, filhos, empregada
– fizeram juramento público: “Não queremos mais criação. A gente se apega
demais, sofre demais, melhor não ter mais bicho em casa. O papagaio é o último.
Acabou.”
Com o tempo, a rotina retomou seu leito maçante. Pai e mãe voltaram
a caminhar no parque e a se sentar no banco pra assuntar bobagens. Os filhos
não tinham mais como não cuidar de si, da vida, das obrigações. A empregada
retomou a cantoria, com a voz medonha que Deus lhe deu. O papagaio, embora
saudoso do cão amigo, voltou a imprecar contra tudo e todos que habitam a terra
do sol. Era sua forma de driblar a dor.
Certo dia, no parque, pai e mãe observavam o desfile dos donos com
seus cachorrinhos de estimação. Viram um pobre diabo abandonado. Pai e mãe se
entreolharam. E disseram em uníssono: “Nem pensar, juramos que não”. O coração
mole da mãe resolveu dar um biscoito ao largado. O coração bobo do pai falou mais
alto: “Bolacha sem água, com um calor desses, não pode ser”. E lá foi ele
comprar um copo d’água.
Já não eram mais dois. Voltaram pra casa. Abriram o portão. E o
papagaio não se conteve:
-- Seja bem vindo, Totó. (um dia de 2014)
Adorei!!! Lindo!!!!
ResponderExcluirObrigado, amigas. Obrigado, mesmo.
ExcluirLindo e emocionante!
ResponderExcluirAndo com saudades "docê". Obrigado, Glorinha.
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