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TCHAU, QUERIDO!
BLOG DO NOBLAT - 15/06/2016
- 04h26
(Ricardo Noblat) É
jogo jogado a cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) quando o
plenário da Câmara se reunir para votá-la. Nem seus mais leais súditos admitem
que ele escapará da degola. E uma vez degolado, Cunha se tornará inelegível por
oito anos.
Isso
não é nada. Sem mandato, cairá nas mãos do juiz Sérgio Moro, que irá julgá-lo
por um monte de crimes – entre eles o de corrupção. Aos cuidados de Moro já
estão a jornalista Cláudia Cruz, mulher de Cunha, e uma filha dele. É possível
um inferno maior?
Se
a votação no plenário da Câmara fosse secreta, Cunha ainda poderia dar um jeito
de salvar-se. Ele é mestre nas manobras às escondidas, de preferência no
escuro. Mas detesta a incidência da luz sobre tudo o que faz.
Todos
os holofotes iluminarão o plenário da Câmara no dia do julgamento final de
Cunha. E, ali, o voto será nominal, e aberto. Como aconteceu quando a Câmara
aprovou a abertura do processo de impeachment contra Dilma.
Cunha,
hoje, é o político mais rejeitado do país. Mais rejeitado do que Dilma. Muito
mais do que Lula. Quantos deputados, sabendo disso, se arriscarão a votar pela
absolvição dele? Talvez só uma parte daqueles que receberam de Cunha dinheiro
para se eleger.
O
governo Temer não mexerá um dedo para ajudar Cunha. Se fosse o caso de ajudá-lo,
o teria feito no âmbito dos 21 deputados integrantes do Conselho de Ética.
Cunha foi derrotado por uma diferença de apenas dois votos.
Ele
nada mais tem para negociar em troca da preservação do mandato. Teve a
presidência da Câmara, que ainda conserva, embora com o mandato suspenso. Mas
ela, agora, de pouco vale. Ou melhor: não vale nada. Quem imagina que ele
poderá reocupá-la?
Cunha
perdeu duas boas oportunidades de renunciar à presidência da Câmara em troca do
mandato ou de uma punição branda. A primeira logo depois da abertura do
processo de impeachment contra Dilma. Era um vitorioso. Todos se sentiam
devedores dele.
A
outra oportunidade foi mais recente. Deu-se há mais ou menos 10 dias. Líderes
de peso da Câmara acenaram para ele com a proposta da renúncia e com a promessa
de beneficiá-lo na votação no Conselho de Ética. Cunha achou que venceria
sozinho no Conselho.
Uma
vez que vencesse, até concordaria em renunciar à presidência desde que lhe
fossem dadas todas as garantias possíveis de que venceria depois no plenário.
Cometeu um mortal erro de cálculo. Só lhe resta amargar as consequências do
erro.
RICARDO NOBLAT |
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