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COMO TEM ZÉ...
(Por Violante Pimentel) No
interior nordestino, é comum se usar a alcunha de Zé, ou seu Zé, para chamar
alguém do sexo masculino, cujo nome se desconhece. É o nome mais comum que
existe. Zé do Café, Zé de Baixo, Zé de Riba, Zé da Luz; Zé do Cuscuz; Zé da Água;
Zé do Pão; Zé do Caixão; Zé do Algodão Doce; Zé da Cocada... É Zé em banda de
lata...
Para
se ter o privilégio de ser chamado de Zé, não interessa o nome de batismo ou
registro de nascimento.
A
mulher, da qual não se sabe o nome, costuma-se chamar “Dona Maria”, quando se
trata de uma senhora, ou "Maria", para se chamar as mocinhas. Também
se usa chamar "essa menina" ou "esse menino", para meninas
e meninos.
Na
feira de Nova-Cruz, era comum se ouvir: “Seu Zé, quanto é um cacho de pitomba?”
“Dona Maria, quanto é o litro da goma?” “Esse menino, quanto é um pirulito?” E
assim por diante.
Natal
(RN) esteve na rota de viagem de Antoine de Saint-Exupéry, na 1ª fase da 2ª
guerra mundial.
O
transporte de malotes do correio, com escalas na África, passava pela capital
potiguar, que era o primeiro ponto continental
sul-americano, depois de Fernando
de Noronha, com escala de pouso para hidroaviões.
Antoine
de Saint-Exupéry andou pelo solo do Rio Grande do Norte, descansando dos seus
seguidos voos, e chegou a se familiarizar com várias pessoas do povo. Diante da dificuldade da
pronúncia do seu nome, logo foi apelidado de Zé Perri, ficando assim conhecido
e “batizado”. Nem Exupéry escapou aos costumes regionalistas da cidade, e
prevaleceu o Zé.
SAINT-EXUPÉRY, OU MELHOR: ZÉ PERRI |
Foi
em solo potiguar, que "ZÉ PERRI" conheceu o Baobá da Rua São José, e
com ele se impressionou. Mais de uma década depois, em 1943, publicou “O
Pequeno Príncipe”/ Le Petit Prince”,
fábula apaixonante de várias gerações de leitores, traduzida para 120 línguas.
Vendeu cerca de 50 milhões de exemplares. O segundo livro mais lido de todos os
tempos. O primeiro foi a Bíblia. Conta a história de um piloto de aviação que sofre um acidente, caindo no deserto.
Encontra um garoto estranho, que diz morar em um asteroide chamado B612. Sua
maior preocupação são os grandes baobás que poderão destruir o seu "habitat". Para resolver o
problema, ele viaja trocando pensamentos com pessoas, animais e até uma rosa frívola, inspirada na esposa salvadorenha do
autor, Consuelo, autora de “Memórias da Rosa”, que narra a vida apaixonada do
casal.
Em
Natal, antigas testemunhas se lembravam das subidas de Antoine de Saint Exupéry
(ZÉ PERRI), na torre da matriz, para apreciar a luz do sol sobre a cidade, como
alguém que vê sinais mágicos no crepúsculo. Algumas tinham autógrafo do célebre
piloto francês.
Aventureiro,
escritor, piloto, viajante, desenhista, e humanista, eram características de
Antoine de Saint-Exupéry.
Nascido
em Lion, em 1900, de família rica, Saint-Exupery passou a infância em um
castelo. Foi um dos pioneiros da aviação comercial e serviu ao exército francês
como piloto de guerra, na luta contra o nazismo.
Ele
mordeu as estrelas, surgindo no Rio Grande do Norte como um cometa.
Desapareceu
em voo secreto de reconhecimento, entre Provence e o sul da Córsega, em 1944. A
causa do acidente permanece um enigma.
Violante Pimentel é procuradora
aposentada do Rio Grande do Norte
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