EDRA |
O Velho Marinheiro, nosso Lobo do Mar, deu um pontapé na compostura e um chega pra lá no silêncio quase forçado que a família, antes do retorno triunfal de Mafalda ao lar, lhe impusera. E pediu à neta:
-- Faça um favor a seu avô, Irene: mande este
negócio que escrevi pra Deolinda pelo computador, pelo tal de e-mail, que vocês
tanto usam. Com essas coisas não sei mexer, não. Nem quero aprender. O endereço
está aí, anotado por ela, de próprio punho. Sinal de que espera alguma coisa de
mim. Ou não?
A neta ficou abismada com o que leu:
“Deolinda, Deolinda, coisa linda demais, faço minhas
as poucas – mas sempre sábias – palavras de Mário Quintana: ‘Eu queria
trazer-te uns versos lindos.../Trago-te estas mãos vazias/Que vão tomando a
forma das tuas nádegas’”.
-- Não bastasse sua canalhice, o senhor errou feio:
Quintana não falou em nádegas. Ele falou em seios – esbravejou a neta.
-- Eu sei, eu sei. Conheço o poema. Quem não sabe de
nada é você. Perto das nádegas, os seios de Deolinda são pinto. O poema
original já foi enviado para Guiomar, mulher de bunda miúda e seios fartos,
quase uma vaca profana, como a cantada por aquele baiano, o tal de Caetano. Um amigo me
fez o favor de lhe enviar o bilhete. Estou semeando. Uma delas cai na rede desse velho solitário. (atualizada em junho/2016)
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