OLHA A CHUVA... É MENTIRA! |
O INVERNO DE NOSSA
DESESPERANÇA
Blog do Augusto Nunes – 22/06/2016
às 14:58
(Por
Carlos Brickmann) Eis que, num raro momento de alegria, virtudes e defeitos de
nossos políticos se fundem e prometem alguns dias de repouso, a semana com
apenas dois dias de trabalho para eles, graças às festas juninas, e a oferta
de um certo fôlego para nós. Não deu
certo: a política, hoje, só em parte se faz no Congresso. A Polícia Federal
também a faz: prendeu quatro empresários de farto sobrenome, ligados ao avião
de Campos que caiu durante a campanha e suspeitos de integrar uma organização
criminosa, lançou suspeitas sobre outros figurões, inclusive um senador de
família tradicional que foi ministro de Dilma, apurou ligações entre a morte do
candidato presidencial Eduardo Campos e a colheita de propinas tão fartas
quanto os sobrenomes, e envolveu a OAS num repasse de verbas para sabe-se lá o
quê. De acordo com a Federal, a operação começou com o caso do avião. “Mas
agora queremos desarticular toda essa organização. Quem são os envolvidos, o que
fizeram e quem foram os beneficiados”.
E,
aproveitando o finzinho dos dias de trabalho desta semana, Eduardo Cunha
mostrou que político ainda pode gerar confusão. Deu entrevista dizendo que não
renuncia à Presidência da Câmara (da qual foi afastado); não faz delação
premiada, porque não praticou nenhum crime; e não tem motivo para ser cassado.
Ponto final. A semana que deu início ao inverno será de repouso para alguns
parlamentares e de tensão para os eleitores.
CARLOS BRICKMANN É JORNALISTA |
Como é a ficha dele
Cunha
age com habilidade: se renunciar, continua na situação atual, de presidente
afastado, e demonstra que tem algo a esconder. Mas já se sabe que é
beneficiário de contas na Suíça, já enfrenta multas por movimentação
internacional irregular de dinheiro, já tem mulher e filha envolvidas no caso,
ambas sujeitas ao juiz Sérgio Moro. É provável que hoje o Supremo Tribunal
Federal decida autorizar uma segunda acusação proveniente da Operação Lava Jato
– manutenção de contas clandestinas no Exterior com dinheiro de propinas oriundas
de negócios com a Petrobras.
Ação dos políticos
Frase
do ex-presidente Lula: “Quanto mais me provocarem, mais eu corro o risco de ser
candidato em 2018”.
E
se não provocarem? Vai aposentar-se, como prometeu antes de se candidatar à
reeleição, dedicar-se à caça e preparo de coelhos em Los Fubangos ─ o seu
sítio, o que é confirmadamente seu, hoje abandonado em favor de outras
propriedades que, embora sejam dele, não são dele? Alguém imagina Lula
quietinho numa eleição, oferecendo chá com torradas aos visitantes e, como
conselhos, temperança e amor ao próximo?
Ação empresarial
Os
fatos como os fatos são: para dar conta do matagal de propinas no Brasil e no
Exterior, a Odebrecht comprou um banco no paraíso fiscal de Antígua, na América
Central. O Meinl Bank Antigua, que antes tinha sido a base off-shore de um
antigo banco austríaco, chegou a controlar 42 contas no Exterior, administrando
entradas e saídas de fundos secretos – um pouco mais de US$ 130 milhões, ao
mesmo tempo.
Ação prática
Por
mais precisas que sejam, as delações jamais terminam: sempre sobra uma peninha
(que, nas palavras do ministro Teori Zavascki, quando são puxadas revelam mais
uma galinha), O mercado está na expectativa de novas revelações de Sérgio
Machado sobre pedras preciosas na lavagem de dinheiro. São muito práticas:
substituem milhares de dólares e são difíceis de monitorar. Há quem diga que
boa parte do ótimo relacionamento dos governos petistas com Angola envolve
diamantes, e com um toque religioso que aparece até no nome das instituições
financeiras envolvidas. Delação premiada deve incluir tudo – inclusive temas
delicados como esse.
Ação oficial
Ah,
as relações sociais do Brasil dilmista com os países pobres, mas amigos, irmãos
e cooperativos! Angola, que transformou a filha do seu presidente em mulher
mais rica da África, recebeu R$ 14 bilhões; a Venezuela, detentora das maiores
reservas de petróleo do mundo, R$ 11 bilhões. Seguem-se República Dominicana,
R$ 8 bilhões; Argentina, R$ 7,8 bilhões; Cuba, R$ 3 bilhões; Peru, R$ 2
bilhões; Moçambique, R$ 1,5 bilhão. No total, incluindo empréstimos menores, R$
50,5 bilhões ─ quase um terço do déficit público que inferniza o atual governo
e que foi responsável por boa parte da crise que consumiu o governo Dilma.
Sem comentários
INTERNET |
Diante
do bloqueio de vastas verbas oficiais para as vastas viagens de Dilma, grupos
petistas estão estudando o crowdfunding – a velha e popular vaquinha.
Contenha-se, caro leitor, e não faça comentários engraçadinhos sobre fazer
vaquinha para financiar as viagens da presidente afastada.
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