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DESENCAPADO, RENAN FLERTA
COM O CURTO-CIRCUITO
Blog do Josias - 16/06/2016
- 06:19
(Por Josias de Souza) A
pretexto de discutir a pauta de votações, Renan Calheiros chamou ao seu
gabinete os líderes partidários. Surpreendeu-os com um comunicado tóxico:
cogita a sério a hipótese de aceitar um pedido de impeachment contra o
procurador-geral da República Rodrigo Janot.
O
senador Cristovam Buarque pulou da cadeira. Disse que a providência seria
desastrosa. Reforçaria a tese do PT segundo a qual o impeachment de Dilma
Rousseff foi tramado com o propósito de interromper a Lava Jato.
Alvo
da investigação, Renan não se deu por achado. Respondeu que, sob Janot, a
Procuradoria comete excessos. Disse que não hesitará em exercer as
prerrogativas de presidente do Senado. Fará o que achar que é certo, sem receio
das reações.
Ouviu-se
na sala um silêncio sepulcral, rompido por Fernando Collor. Também crivado de
suspeição, já denunciado no STF como beneficiário de propinas provenientes da
Petrobras, Collor insuflou Renan, estimulando-o a marchar contra Janot.
Terminada
a reunião, o tucano Aloisio Nunes Ferreira, líder de Michel Temer no Senado,
disse estar preocupado com a pretensão do presidente do Senado. Mais tarde,
Renan repetiria a cantilena anti-Janot no plenário.
Cristovam,
de novo, correu ao microfone para contestá-lo: “Se passar a imagem de que
estamos tentando impedir a Lava Jato de ir adiante, será um desastre de
proporções inimagináveis para todos nós.” Em conversa com o blog, Cristovam
acrescentou: “Será um desastre também para o Michel Temer.”
JOSIAS DE SOUZA |
Subscrito
por duas advogadas, o pedido de impeachment contra o procurador-geral caiu do
céu sobre a mesa de Renan. O senador enxergou na peça uma oportunidade para se
vingar de Janot, que pedira a sua prisão, junto com outros pajés do PMDB.
Renan
tornou-se um fio desencapado depois que o ministro Teori Zavascki, relator da
Lava Jato no STF, indeferiu os pedidos de prisão. Eletrificou-se com a
divulgação do teor da delação premiada de Sérgio Machado, que o acusa de ter mordido
R$ 32 milhões em propinas provenientes da Transpetro, subsidiária da Petrobras.
A
decisão de Renan sobre Janot foi prometida para a próxima semana. Se o senador
cumprir sua ameaça, entrará em curto-circuito num instante em que o Planalto
trabalha para reduzir a voltagem do ambiente, apressando a votação do
impeachment e a apreciação da emenda constitucional que cria um teto para as
despesas da União.
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