RE SORRIR
Quando
minha mãe se "encantou", não via mais motivos para sorrir ou
gargalhar. Queria ficar entregue ao sofrimento e dar vazão a minha prostração
até ver as tranqueiras que havíamos herdado.
Bijouterias
de "ótima" qualidade, lencinhos de toda sorte, muita roupa por
costurar, plantas suficientes para reflorestar a mata atlântica e uma
carteirinha com cento e vinte reais que dividimos entre nós excluindo o macho
alfa, of course.
Parte
das tranqueiras empurramos pra Rachel, nossa sobrinha querida, que depois que
percebeu nossa artimanha não pegou mais nada. Tudo isso foi entre lágrimas e,
pasmem, muita gargalhada.
O
sorriso é uma benção, um refrigério para o coração que se reconhece humano e
frágil mas não covarde.
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