D. MARIA - A LOUCA, RAINHA DE PORTUGAL |
NA CORTE DA RAINHA DILMA
Blog do Noblat – 11/06/2016
- 01h20
(Por Ruy Fabiano) O
lema agitação e propaganda – AgitProp, no jargão militante – foi sempre o
sustentáculo da ação esquerdista, desde os tempos da revolução soviética. O PT
manejou-o com esmero, desde sempre.
Pouco
importa se há fundamento no que se propaga. Em regra, não há, mas a eficácia da
estratégia independe disso. Funciona até melhor quando a verdade –
habitualmente, um problema para os profissionais da trapaça – não está em cena.
O
PT galgou o poder, no espaço de pouco mais de duas décadas, a bordo de um
discurso moralista implacável. Atribuía a seus adversários, com ou sem motivos,
práticas em que viria a se mostrar mais voraz que todos os que o precederam no
ofício.
Liquidou
carreiras, assassinou reputações e, pior, iludiu o público com uma retórica em
que prometia banir a corrupção da vida pública brasileira e instaurar a
redenção social. O resultado estamos vendo, a cada fase da operação Lava Jato,
sem contar os desastres sociais decorrentes de uma política econômica, que,
além de quebrar o país, deixou um rastro de mais de 11 milhões de
desempregados.
Nunca antes...
Mesmo
agora, quando pipocam novas delações, revelando a extensão e os métodos da
roubalheira – e quando já não há dúvidas da participação direta e pessoal da
própria presidente afastada –, o pessoal da AgitProp continua em plena
efervescência.
O
discurso do golpe, que só convence a quem o faz, é agora acrescido de um
singelo tempero: o maltrato aos golpeados. É preciso convencer o público de que
o governo Temer está perseguindo os integrantes do governo afastado, aquele
mesmo que o ministro Celso de Mello, do STF, chamou de organização criminosa.
Como
se trata de um teatro, nada melhor que recorrer a profissionais do ramo. Eis,
pois, que a atriz Tássia Camargo (*), militante
petista, que não chega a ser uma diva dos palcos – mas tem bom número de
seguidores nas redes sociais -, publicou vídeo convocando a militância do PT a
doar comida para Dilma Rousseff.
Dilma,
vejam só, estaria passando fome. No vídeo, a atriz afirma que Michel Temer
retirou a alimentação da presidente e a exilou no Palácio da Alvorada. Um
exílio, convenhamos, singular, em que, além do Palácio, a penalizada dispõe de
36 funcionários para assisti-la, sendo 31 do gabinete da Presidência da
República, e nada menos do que cinco ajudantes de ordem. Uma corte, enfim.
Estão,
os perseguidos, condenados à quarentena – isto é, a receber salários integrais,
sem precisar trabalhar, durante seis meses. Alguns foram contratados dias antes
do afastamento da presidente. Contratados para nada fazer, a não ser suportar o
ambiente da Corte exilada. Um tédio.
Dilma
não está proibida de viajar, o que, aliás, tem feito, desde o início do
“exílio”. Apenas, a partir de agora, só o fará às custas do Estado – isto é, do
contribuinte - no trajeto entre sua residência particular, em Porto Alegre, e
Brasília.
Não
há lei regulando a situação – e ela não pode se queixar de qualquer rigor, se
comparado o tratamento que tem ao único caso análogo ao seu na história
republicana brasileira.
RUY FABIANO, JORNALISTA E ESCRITOR |
Fernando
Collor, quando na mesma situação, não mereceu qualquer benefício. Morou em sua
residência particular (a Casa da Dinda), pagou seu próprio transporte, sua
alimentação e advogado. Em momento algum, serviu-se da Advocacia Geral da União
para defendê-lo, como se permitiu no caso de Dilma.
A
AGU defende os três Poderes, que formam a União. Não pode defender um desses
Poderes (no caso, o Executivo) contra outro (o Legislativo), sobretudo quando a
ré é acusada exatamente de lesar a União. Um despropósito – e uma ilegalidade.
Mas
voltemos ao ponto. Quando afastado, em 1992, Collor quis saber quais suas
prerrogativas, já que, mesmo afastado, continuava presidente. Nada lhe foi
concedido. E Lula, na ocasião, disse o seguinte, registrado então pelo Globo:
“Se
o governo quer dar casa para o Collor, então que conceda um espaço na Casa de
Detenção. Ele cometeu o que cometeu e agora vem pedir mordomias? Ele é que vá
pedir para o PC (Farias)”.
Não
houve, na época, militância para denunciar a situação. O então senador Mário
Covas, líder do PSDB, disse o seguinte: “Se não há lei para tratar do assunto,
então que se use o bom senso. Ele é presidente afastado. Como pode achar que
tem direito a passagens internacionais ou helicóptero do governo?”.
Roberto
Freire, que presidia o PPS, resumiu a ópera: “O rapaz perdeu. Não tem direito a
mais nada. Deve ir para sua casa e começar a se preocupar com sua defesa”.
Na
Corte da Rainha Dilma, não falta comida ou conforto – e muito menos dinheiro,
como mostra o Petrolão. Falta memória – e desconfiômetro.
(*) Em
menos de trinta dias de afastamento, Dilma – nosso Demóstenes de saias – nos
deu R$ 650 mil de despesas, sem contar os mais de cem funcionários que estão à
sua disposição na residência oficial. Quanto a essa moça dos palcos, nada a
declarar. Afinal, esse se pretende um blog de família.
Vejam
o que nos revela Josias de Souza sobre os gastos de Dilma e sua turma aloprada:
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