FECHA-SE O CERCO AOS CACIQUES DO PMDB.
ENQUANTO ISSO, TEMER BRINCA COM FOGO
Blog do Noblat - 07/06/2016
- 02h32
(Por Ricardo Noblat) No
dia em que se soube que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu
ao Supremo Tribunal Federal a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do senador
Romero Jucá (PMDB-RR), o presidente interino da República, Michel Temer,
decidiu contemporizar com dois dos seus auxiliares investigados por irregularidades.
Coincidência,
certamente. Mas que serve para confirmar a imprudência de Temer quando está em
jogo o destino de um governo tão vulnerável como parece ser o dele. Foi de
Temer a decisão de enfrentar o que ministros chamam de “a maldição das
segundas-feiras”. Nas duas segundas-feiras anteriores, ele se viu forçado a
afastar dos cargos auxiliares em apuros – um deles, Romero Jucá, ministro do
Planejamento.
Temer
se recusa a ser “pautado” pelo noticiário da imprensa. Nada mais justo. Porém,
nada mais insensato do que ignorar fatos. É fato que o ministro Henrique
Eduardo Alves, do Turismo, amigão do peito de Temer, está sendo investigado
pela Lava-Jato sob a suspeita de ter recebido propinas. E é fato também que
Fátima Pelaes, escolhida para a Secretaria de Mulheres, é investigada por
desvio de emendas parlamentares no âmbito da Operação Voucher.
RICARDO NOBLAT |
Qual
foi a desculpa de Temer para não se livrar dos dois? No caso de Eduardo Alves,
porque ele já era investigado antes de ser nomeado ministro. No caso de Pelaes,
porque análise feita pela Agência Brasileira de Inteligência apontou que nenhum
problema legal a impede de ser nomeada. Temer não entende – ou finge não
entender – que não se trata de problema legal. Trata-se de problema ético. É de
ética, de moral que estamos tratando.
O
pretexto usado para tirar Dilma do poder foram as pedaladas fiscais. De fato,
ela as cometeu. E pedaladas fiscais, de fato, configuram crime de
responsabilidade previsto na Constituição. Mas Dilma caiu, embora não ainda de
vez, porque seu governo foi engolido pelo mar de lama que jorrou dos dutos da
Petrobras. A corrupção superou qualquer outro tema nas preocupações dos
brasileiros. Para 98% deles, todos os políticos são corruptos.
Não
basta a Temer acenar com a recuperação econômica do Brasil. Desacompanhada de
uma recuperação também moral, a primeira, por si só, será insuficiente. Temer
diz e repete que não será atingido por nenhuma bala certeira ou perdida da
Lava-Jato. Tomara que tenha razão. Mas corre o risco de ser vítima de
fragmentos de balas capazes de ferir mortalmente pessoas com as quais governa.
E só cabe a ele a responsabilidade por tê-las escolhido e mantido.
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