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PÓLEN
Tempos
bicudos
povoados
de nuvens
cinza.
Lá
embaixo transeuntes
se
esbarram, se chocam
a
todo momento, rostos
distorcidos
pelo véu
do
egoísmo, pela insana
correria
de um dia a dia
inútil
que não leva a lugar
algum.
Tudo
é festa, tudo é ilusão.
O
travesseiro aninha a
cabeça
vazia e o cobertor
aquece
uma carcaça
autômata.
Ninguém
sonha. Lá fora
o
poeta arde na fogueira
de
olhos fechados contritos.
Enquanto
te comprazes
com
o martírio daquele que
deposita
sonhos e acata
o
frágil voo de uma reles
borboleta,
a poesia
escapa
pelas brechas
e
poliniza.
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