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O apelido de Zeca – “Péssimas Novas” –, evidentemente, não surgiu do
nada. O homem jamais, em tempo algum, foi molhar a goela no bar do Carneiro sem
levar consigo notícias ruins. No dizer de muitos que o conheciam, é uma espécie
de corvo em forma de gente.
Para alguns dos frequentadores, os mais generosos, ele é apenas um
sujeito pessimista, adepto da Lei de Murphy, que tem certeza absoluta de que
tudo que pode não dar certo dará errado. Uma simples gripe evoluirá para a pneumonia -- e a consequente internação do paciente. Daí, para a infecção generalizada e o
óbito é um passo. Para outros colegas de copo, porém, ele é mais que
pessimista: é um agourento, torce sempre para que o pior aconteça – e logo, se
possível. O que faz com que muitos jamais se aproximem dele. Há, no entanto, os
precavidos, que optam por lhe pagar bebidas, na esperança de que Zeca não lhes
deseje - nunca - mal nenhum.
Pois bem. Naquela tarde, Zeca “Péssimas Novas” entrou no bar do
Carneiro cheio de otimismo. Disse que havia encontrado Abelardo e que sua
recuperação era mais que surpreendente, era fantástica. “Quem diria, após
tantas cirurgias? Tenho certeza de que ele voltará a ser o que sempre foi: um
homem saudável, vigoroso” – não se cansava de repetir, para espanto geral. Um
espanto que, a bem da verdade, durou pouco, até Zeca dar continuidade à
conversa:
-- Agora, quem não anda nada bem, é dona Jurema, mulher de Abelardo.
Está pálida demais. Tenho pra mim que, neste Natal, ela não estará viva pra
comer castanha.
(26/11/2013)
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