quarta-feira, 15 de julho de 2015

XICO BIZERRA


ribaçã

RIBANÇÃS DE ASAS ENXUTAS

No céu, apenas ribançãs de asas enxutas, ao contrário do olhar sertanejo cheio d’água vindo do suor e das lágrimas pela falta de águas outras. Nada de nuvens, nada de chuvas. À beira das pedras de onde um dia foi rio, a mulher chora. Como dar de beber aos cinco sertanejinhos, crianças ainda, com fome e sede na casinha ali perto daquela lama, daquele ajuntamento de pedras? E as promessas de tantos que por ali passaram à cata de votos e que por ali não voltaram depois dos votos catados. Talvez daqui há quatro anos novas promessas e novos discursos ecoem por ali. Resta chorar e ter fé. Fé que se renova a cada frustração da não-chuva porque só a fé pode resistir a tanta dor, a tanto sofrimento. Fé que se junta à esperança de ver o dia em que as ribançãs, de asas molhadas, voltem pro sertão.


Xico Bizerra é compositor, poeta, 
cronista e produtor musical.
Tem mais de 270 composições gravadas

http://www.forroboxote.com.br/






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