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O DONO DO PRÉDIO
João
Francisco foi um dos primeiros moradores do edifício – o segundo, para ser
exato. Era de todos conhecido. Julgava-se líder. Formou uma turminha que se
achava a “dona” do prédio. Sua falsa simpatia não conseguia, para observador
minimamente atento, esconder sua arrogância. Falava alto, contava vantagens,
sentia-se no direito de desrespeitar as regras do condomínio. Se algum
funcionário chamasse a atenção de seus filhos, a resposta, em forma de
pergunta, vinha pronta: “Sabe quem paga seu salário?”
Nas
assembleias, só dava ele. Tarefa impossível interromper sua falação descabida. Queria
ser o centro das atenções. Justamente por isso, não perdia uma reunião. Mas, naquele
encontro, João Francisco não marcou presença. À boca pequena, muita gente
queria saber por quê. Um morador, que fazia parte do conselho, também à boca
pequena, fez questão de explicar o motivo: “Ele não paga o condomínio há pelo
menos seis meses. Não pode votar. Nem falar."
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