FOTOGRAFIA: CLÓVIS CAMPÊLO |
A HORA DE
DESCANSAR
O poeta Ascenso Ferreira nasceu e morreu no mês de maio. Nasceu na
cidade dos Palmares, na zona da mata sul do Estado de Pernambuco, e morreu no
Recife, a capital do Estado. Nos 70 anos em que viveu, de 1895 a 1965, escreveu
poemas diversos e viveu polêmicas diversas também.
Segundo os seus estudiosos, começou escrevendo sonetos, baladas e
madrigais, sem relevâncias. Depois, descobriu o Modernismo e a Semana de Arte
Moderna, e sob a influência de Guilherme de Almeida, Mário de Andrade e Manuel
Bandeira, descambou por um caminho onde afirmou-se como um dos grandes nomes do
movimento no nosso Estado.
Segundo o site Releituras, Ascenso “distingue-se não pela
quantidade, mas pela qualidade, atingindo não raro efeitos novos, originais,
imprevistos, em matéria de humorismo e sátira”.
O poema “Filosofia”, que abaixo transcrevemos, insere-se nesse
contexto. O poema foi publicado no livro "Catimbó e Outros Poemas"
(Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1963). Depois, foi incluído no livro "Os
Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século" (Editora Objetiva, Rio de
Janeiro, 2001, pág. 83), organizado por Ítalo Moriconi.
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Politicamente, segundo a Wikipédia, participou ativamente da
campanha presidencial de Juscelino Kubitschek, em 1955, inclusive participando
de comícios no Rio de Janeiro. Em consequência disso, no ano seguinte, foi
nomeado por JK para a direção do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais,
no Recife, mas a nomeação foi cancelada dez dias depois, porque um grupo de
intelectuais recifenses não aceitava que o poeta e boêmio irreverente assumisse
o cargo. Foi nomeado, então, assessor do Ministério da Educação e Cultura, onde
só comparecia para receber o salário.
Dizem que o poeta nos finais de tarde, gostava de passear pelas
margens do Rio Capibaribe, na altura do atual shopping Paço da Alfândega, onde
em sua homenagem, no Circuito da Poesia Pernambucana, foi erguida a escultura
acima, em sua homenagem.
O poema abaixo casa bem com a imagem por nós captada, onde operários
descansam deitados na calçada, ao lado da estátua do poeta, sob a sombra de um
pé de amêndoa (coração de nego, para nós). Confiram:
FILOSOFIA
Hora de comer — comer!
Hora de dormir — dormir!
Hora de vadiar — vadiar!
Hora de trabalhar?
— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!
Recife, julho 2015
NOTA DO EDITOR:
Esse Ascenso foi da virada. Leiam também "Minha escola" e outros poemas.
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