terça-feira, 28 de julho de 2015

CLÓVIS CAMPÊLO

FOTOGRAFIA: CLÓVIS CAMPÊLO



A HORA DE DESCANSAR

O poeta Ascenso Ferreira nasceu e morreu no mês de maio. Nasceu na cidade dos Palmares, na zona da mata sul do Estado de Pernambuco, e morreu no Recife, a capital do Estado. Nos 70 anos em que viveu, de 1895 a 1965, escreveu poemas diversos e viveu polêmicas diversas também.

Segundo os seus estudiosos, começou escrevendo sonetos, baladas e madrigais, sem relevâncias. Depois, descobriu o Modernismo e a Semana de Arte Moderna, e sob a influência de Guilherme de Almeida, Mário de Andrade e Manuel Bandeira, descambou por um caminho onde afirmou-se como um dos grandes nomes do movimento no nosso Estado.

Segundo o site Releituras, Ascenso “distingue-se não pela quantidade, mas pela qualidade, atingindo não raro efeitos novos, originais, imprevistos, em matéria de humorismo e sátira”.

O poema “Filosofia”, que abaixo transcrevemos, insere-se nesse contexto. O poema foi publicado no livro "Catimbó e Outros Poemas" (Editora José Olympio, Rio de Janeiro, 1963). Depois, foi incluído no livro "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século" (Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2001, pág. 83), organizado por Ítalo Moriconi.

CLÓVIS CAMPÊLO


Politicamente, segundo a Wikipédia, participou ativamente da campanha presidencial de Juscelino Kubitschek, em 1955, inclusive participando de comícios no Rio de Janeiro. Em consequência disso, no ano seguinte, foi nomeado por JK para a direção do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, no Recife, mas a nomeação foi cancelada dez dias depois, porque um grupo de intelectuais recifenses não aceitava que o poeta e boêmio irreverente assumisse o cargo. Foi nomeado, então, assessor do Ministério da Educação e Cultura, onde só comparecia para receber o salário.


Dizem que o poeta nos finais de tarde, gostava de passear pelas margens do Rio Capibaribe, na altura do atual shopping Paço da Alfândega, onde em sua homenagem, no Circuito da Poesia Pernambucana, foi erguida a escultura acima, em sua homenagem.

O poema abaixo casa bem com a imagem por nós captada, onde operários descansam deitados na calçada, ao lado da estátua do poeta, sob a sombra de um pé de amêndoa (coração de nego, para nós). Confiram:

FILOSOFIA

Hora de comer — comer!

Hora de dormir — dormir!

Hora de vadiar — vadiar!

Hora de trabalhar?

— Pernas pro ar que ninguém é de ferro!


Recife, julho 2015


NOTA DO EDITOR:

Esse Ascenso foi da virada. Leiam também "Minha escola" e outros poemas.



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